José Medrado

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Foi um choque quando o pastor, Anderson Silva, da igreja Vivo Por Ti, de Brasília, disse em um podcast:  “...falta a gente orar assim: senhor, arrebenta a mandíbula do Lula". Chocaria fosse quem fosse, evidente. Claro que essa gente quer realmente causar, ter seguidores, dentro do princípio do “fale mal ou bem, mas fale de mim”. Todavia, penso, que nossa atitude crítica, ajudará, não sei, as pessoas a fazerem uma reflexão se realmente vale a pena tudo, para ter a sua ideologia ou os seus desejos inconfessáveis satisfeitos. São pastores, padres...implantando um sentimento odioso nas pessoas, que dirão os mais velhos: “Vale-me”, Deus. Um dos líderes da minha religião, para não dizer que não falo dela também, debochou sobre o 08 e janeiro, inclusive aludindo que não viu ninguém carregando “faca...canivete, cortador de unha”, naquele que foi um ato cheio de ódio e ressentimento. 

O Papa Francisco, que reputo como a mente mais lúcida que testemunhei em um pontificado, escreveu em uma de suas redes sociais: “Jesus encontrou a humanidade ferida, acariciou os rostos macerados pelo sofrimento, curou os corações dilacerados, libertou-nos das correntes que nos agrilhoam a alma. Revela-nos assim qual é o culto mais agradável a Deus: cuidar do próximo”. Como, pelo amor de Deus, se dizer cristão e atacar pessoas, omitir-se na fraternidade do amparo aos que precisam de uma mão? Como? 

Acredito que podemos afirmar que nasceu uma nova religião, talvez a mais perversa, a mais destrutiva do planeta e da humanidade: a religião do ódio, afirma o teólogo espanhol,  Juan José Tamayo. Já o pacifista alemão, Günther Anders, externa que o ódio é “a autoafirmação e a autoconstituição por meio da negação e a aniquilação do outro”. Entende-se, assim, que pelo meio do ódio aos outros, da eliminação das pessoas, no coletivo dos odiados, quem odeia confirma sua própria existência e missão: o outro não pode existir, e eu tenho a convicção dos meus conceitos e pensamentos. Propor a aniquilação do outro “diferente” dele, confirma-os em poder. O ódio pode ser gerador de prazer, afirmam muitos estudiosos da mente humana. Esses buscam reduzir a realidade do existir de todos, e nas suas mentes restritas, de conceitos limitados, só os “iguais” e os que “pensam” como eles merecem existir. 

O discurso do ódio não tem nada a ver com a orientação libertadora, igualitária e acolhedora das pessoas, que é sempre o escopo das religiões, pois alguém já disse um clichê verdadeiro: a vida é uma roda gigante, no seu sobe e desce, logo há uma regara de ouro, que não apenas os religiosos precisamos seguir, mas todos, em geral: “Trate os outros como gostaria de ser tratado”.


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É acintoso

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