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Orixá: o guardião da cabeça

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Orixá: o guardião da cabeça

Orixá: o guardião da cabeça

Como disposto em meu primeiro artigo aqui neste canal, por onde passo sobre as nações do Candomblé, hoje falarei um pouco sobre os Orixás. Divindades que fazem parte do grupo étnico religioso nagô/ioruba. Os Orixás são oriundos da África Ocidental, na Nigéria, e devido as minhas origens Ancestrais, também faço parte deste clã. Por este motivo, falo com mais propriedade do que os Inkises e Voduns.

Em África cada Orixá tem a sua Cidade, e aqueles que nascem nestas regiões automaticamente pertencem ao Orixá regente daquele lugar. Esta dinâmica teve que passar por adaptações de territorialidade quando aqui chegaram, onde em forma de resistência os negros conseguiram reunir todos os Orixás numa única manifestação, surgindo assim o Candomblé.

O Candomblé da nação Keto surge a partir da unificação territorial onde os negros da Cidade de Oxobô, cujo Orixá regente é Oxun, se juntaram com os povos que cultuam Xangô lá da Cidade de Oyó. Que se reuniram com os povos de Irê que cultuam o Orixá Ogun; com os negros da Cidade de Ketu onde Oxossi é patrono, com os povos de Abeokutá onde Iemanjá é a soberana e assim por diante, fazendo com que esta nação se destaque a partir da sua língua, deuses e costumes.   

Energias vivas, os Orixás são Ancestrais divinizados, representações da natureza, onde cada um tem a sua função e arquétipo. Talvez seja trivial para algumas pessoas falar sobre cada Orixá neste artigo, entretanto, é importante ressaltar que existem mais de 400 Orixás em África, e que aqui no Brasil, além dos mais conhecidos que irei citar abaixo, desembarcaram outros Orixás que pouco se ouve falar, pois devido o apagamento da identidade e dos costumes africanos, muita coisa se perdeu no tempo. Somente em alguns Terreiros mais antigos, e, descendentes destes, ainda cultuam estes Orixás: Axabô, Okô, Iyamassê, Otin, Onilé, Ajê, Yewá, Obá, Olokum, Logunedé dentre outros. 

O primeiro Orixá do panteão afro-brasileiro é Exu: Orixá masculino; é responsável pela comunicação entre os dois mundos (o céu e a terra); representa o órgão sexual do homem; é brincalhão e austero; Orixá da ordem e desordem, Exu é o próprio movimento, e por isso é mais perseguido e demonizado dos Orixás; é cultuado nas encruzilhadas e estradas de barro; a sua cor é o vermelho e preto, e o seu elemento a terra.

Ogun: Orixá masculino; é o deus da guerra e da tecnologia; irmão de Exu, Omolú e Oxossi, faz parte da família dos Odés (Caçadores); é um caçador nato e foi quem ensinou Oxossi a caçar; é protetor dos soldados, artistas e ferreiros; tem o título de Asiwajú, que significa: O Desbravador; também é chamado de: “O Ferreiro dos Céus”, Alabedé Orun; não admite injustiças; é cultuado nas estradas; sua cor é o azul-marinho e verde, e seu elemento o ferro.

Omolú: Orixá masculino; é o protetor dos enfermos, principalmente dos de pele; feiticeiro curandeiro; responsável em cuidar do corpo desencarnado; tem o título de Rei da terra, quando chamando de Obaluaiê; é filho de Nanã, mas foi criado por Iemanjá; suas cores são o vermelho, preto e branco; é cultuado nas estradas de barro, e seu elemento é a terra.

Oxossi: Orixá masculino; caçador e provedor do alimento; protetor das matas e dos animais. Ele só mata pra comer; tem o título de Oxotocanxôxô, que significa: O Caçador de uma flecha só; é Orixá da fartura; suas cores são o azul celeste e o verde; as profundezas das matas é o seu elemento.

Ossaiyn: Orixá masculino; é o deus de todas as ervas medicinais; conhecido por Onixêgun Orixá, o Médico dos Orixás, tem a missão de curar os doentes; sua cor é o verde, e seu elemento são as folhas.

Nanã: Orixá feminino; tem o poder de afastar a morte de seus filhos; é cultuada nas águas paradas e pântanos; sua cor é o lilás e seu elemento a lama, matéria que deu origem ao homem.

Oxumarê: Orixá masculino; é representado pelo arco-íris; é o senhor do equilíbrio e das constantes modificações do ciclo da vida; seus elementos são o céu e a terra; suas cores são o amarelo e preto ou verde e preto. 

Oxun: Orixá feminino; é a deusa dos rios e cachoeiras; responsável pelo útero e fertilidade, é a protetora das mulheres grávidas; muito vaidosa, gosta de perfumes e ouro; sua cor é o amarelo ou dourado e seu elemento as águas doces.

Iansã: Orixá feminino; se manifesta através dos ventos, raios e trovões; guerreira, ela se transforma em búfalo para defender seus filhos; responsável em cuidar dos espíritos dos mortos, divide com Ogun o segredo do culto aos Ancestrais; e com Xangô, o segredo de manipular o fogo; sua cor é o vermelho e seu elemento o fogo e o vento.

Iemanjá: Orixá feminino; cultuada nos mares e oceanos aqui no Brasil, e em África, no rio Ogum; é mãe de Exu, Ogun, Omolú e Oxossi; sua cor é o verde e azul claro; seu elemento as águas doces e salgadas.
 
Xangô: Orixá masculino; foi o quarto Rei de Oyó (1450 a.C); é protetor dos juízes, advogados e promotores; é o senhor da justiça; deus dos raios e trovões; sua cor é o vermelho e branco e seu elemento o fogo.

Oxalá: Orixá masculino; é o mais antigo dos Orixás; pai dos vivos e dos mortos; representa a paz; sua cor é o branco e seu elemento é a água.  

É importante dizer que, os Orixás foram seres que assim como nós viveram numa determinada época, onde o planeta terra ainda estava em formação. Foram divinizados, se tornando fé para aqueles que foram arrancados de forma violenta de suas terras natais, e que atravessaram o Atlântico a duros custos, se tornando herança para seus descendentes nas longínquas terras do Brasil, onde os acontecimentos cosmológicos da força de cada Orixá fazem com que magia do Candomblé aconteça.

Esses são os Guardiões das cabeças.

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