Afroempreendedores da capital baiana contam com curso profissionalizante voltado para o turismo

As aulas do projeto AfroEstima, uma iniciativa educacional gratuita voltada para o turismo étnico-afro, iniciaram nesta semana na capital baiana. A ação integra um dos eixos do Plano para o Desenvolvimento do Turismo Étnico-Afro municipal e oferece divulgação e qualificação de empreendedores negros. Além disso, a iniciativa também visa fomentar a inovação e valorizar a cultura.

No geral, serão ofertados 13 módulos de capacitação. Os encontros estão ocorrendo de forma híbrida (online e presencial). De acordo com a prefeitura da capital baiana, serão quatro meses de formação. No dia 9 deste mês, o grupo do Pelourinho terá uma palestra sobre saúde da população negra. Já na próxima sexta-feira (10), a temática da palestra será “Afroempreendedorismo – para além do turbante e do tabuleiro”.

A guia de turismo Vera Cristina está participando das atividades do Afroestima no Museu Eugênio Teixeira Leal, no Pelourinho, e afirma que os conteúdos abordados no curso vão elevar a qualidade do serviço que oferta ao turista. “Estou ensinando e conhecendo a experiência do outro. Não conhecia o turismo étnico. As aulas têm sido fantásticas”, disse.

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, há uma grande expectativa para o retorno dos eventos realizados em Salvador, como o carnaval, no próximo ano. Dessa forma, ações de profissionalização voltadas ao turismo se tornam essenciais. Para o historiador e educador do projeto, Murilo Fiscina Simões, o curso oferecido pelo Afroestima traz um aspecto formador importante para os profissionais. A proposta, segundo ele, é que os alunos reflitam sobre a ancestralidade e desenvolvam troquem aprendizados, unindo as diversas bagagens que cada um trouxer para a sala de aula.

“Estamos exercitando para que, no final do ciclo, o processo de aprendizado não se feche. O conhecimento vai continuar sendo construído por eles, atuando como agentes multiplicadores. Mais importante que aquilo que os alunos vão levar daqui, é como vão transmitir esses saberes para aqueles que estão no setor turístico”, afirmou.

Com o objetivo de entender o comportamento do consumidor, a baiana de receptivo e artesã Shirlei Souza ingressou no projeto Afroestima. Segundo a baiana, que também está participando da atividade no núcleo do Pelourinho, uma das principais expectativas com o curso é desenvolver formas de se apresentar para o cliente como um diferencial.  “Eu já trabalho na rota do turismo e me sinto agraciada em poder sair daqui com mais conhecimento. Gostei muito da dinâmica usada pelo professor, porque nos mostrou que é preciso ter mais empatia”, afirmou.

Divulgação

Considerada uma das cidades mais negras fora da África, Salvador também ganhou neste ano o projeto AfroBiz. A iniciativa, lançada pela prefeitura, consiste em uma plataforma online e interativa para divulgação de produtos e serviços de afroempreendedores do turismo da cidade. 

Atenta às oportunidades, Shirlei Souza expôs algumas das peças de bijuteria que produz na plataforma. Através do marketplace (www.afrobizsalvador.com.br) é possível fazer a divulgação e mapeamento de produtos e serviços, disponíveis a investidores e consumidores do Brasil e do mundo.