Ameba "comedora de cérebro" representa ameaça aos estados do norte dos EUA devido às mudanças climáticas

Estudo alerta para o aumento da incidência da infecção cerebral causada pela Naegleria fowleri

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FOTO: nexperts

Um novo estudo publicado no periódico científico "Ohio Journal of Public Health" aponta que a ameba Naegleria fowleri, conhecida como "comedora de cérebro", está se tornando uma ameaça aos estados do norte dos Estados Unidos devido às mudanças climáticas. Essa ameba de água doce é capaz de causar uma infecção cerebral chamada meningoencefalite amebiana primária (PAM), uma condição rara que até o momento não possui tratamento eficaz conhecido. 

A pesquisa, desenvolvida pela Universidade de Mount Union, em parceria com a iniciativa Jonas Scholar, ressalta que as alterações climáticas são resultado da destruição do meio ambiente e dos recursos naturais ao longo dos anos.

Tradicionalmente, os casos de infecção pela Naegleria fowleri nos Estados Unidos eram mais comuns nos estados do sul. No entanto, dados recentes indicam um aumento da incidência da infecção nos estados do norte, como Minnesota, Indiana e Missouri, desde 2010. Historicamente, a infecção é rara, com um total de 138 casos relatados no país de 1962 a 2015, variando de zero a oito registros por ano. A maioria dos pacientes afetados é do sexo masculino (76%) e tem 18 anos ou menos (83%).

A região norte dos EUA é conhecida por suas temperaturas mais baixas em comparação com outras áreas do país. No entanto, devido ao aquecimento global, esses lugares estão experimentando um aumento nas temperaturas, o que cria um ambiente mais propício para o desenvolvimento da Naegleria fowleri. Até pouco tempo atrás, não havia registros dessa ameba nessa região.

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a infecção causada pela ameba tem uma taxa de mortalidade de mais de 97%. Dos 154 indivíduos infectados nos Estados Unidos de 1962 a 2021, apenas quatro pacientes confirmados sobreviveram à infecção.

O CDC também alerta que a ameba geralmente é encontrada em corpos de água doce quente, como lagos, rios e fontes termais. Ela também pode ser encontrada em sedimentos no fundo de lagos, lagoas e rios. Portanto, a agência desaconselha cavar ou mexer no solo em águas rasas e quentes.

A médica Julia Haston, do CDC, afirmou em entrevista ao canal de televisão NBC que a ameba tem preferência por condições quentes e água doce, e a preocupação está relacionada ao fato de que as mudanças climáticas podem estar contribuindo para o aumento das temperaturas favoráveis ao seu desenvolvimento.

Apesar da expansão da presença da ameba pelo território americano, as chances de contrair a doença ainda são consideradas baixas. A Naegleria fowleri entra no cérebro através das narinas, onde destrói o tecido cerebral. A infecção não é transmitida de uma pessoa para outra.

Os sintomas iniciais incluem fortes dores de cabeça, febre, náuseas e vômitos, de acordo com o CDC. À medida que a infecção se agrava, podem surgir sintomas como rigidez do pescoço, convulsões ou alucinações, aparecendo entre um e nove dias após a exposição à ameba.

As descobertas desse estudo reforçam a importância de se entender e monitorar os efeitos das mudanças climáticas na saúde pública, visando a implementação de medidas preventivas e de controle para proteger a população contra ameaças emergentes como a Naegleria fowleri.


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