Apneia do sono pode contribuir para aumento de problemas cardíacos

Especialista alerta que doença crônica pode desencadear sobrecarga no coração

[Apneia do sono pode contribuir para aumento de problemas cardíacos]

FOTO: Reprodução/Getty Images

Muitas pessoas não ter um sono adequado e algumas não consideram isso um grande problema por não saberem que o sono ruim pode levar a alguns questões graves, como doenças cardíacas. Com isso, é preciso estar em alerta para a ligação entre a Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) e a privação do sono, que pode estar relacionada a riscos cardiovasculares.

A causa da apneia obstrutiva do sono (AOS) é, na maioria das vezes, multifatorial, sendo consequência de colapso ou de grande estreitamento da via aérea superior, durante o sono. O estreitamento e o colapso da via aérea podem ser devidos ao relaxamento da musculatura da faringe ou alterações anatômicas, entre outros fatores. Como consequência, além da redução na qualidade de vida pela sonolência diurna excessiva e da má qualidade de sono, há um risco aumentado para problemas cardiovasculares, como pressão alta, batimento cardíaco irregular, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

O médico Luciano Drager, especialista em Medicina do Sono pela Associação Médica Brasileira (AMB), alerta que os eventos de apneia, que ocorrem durante o sono, desencadeiam uma série de respostas que podem sobrecarregar o coração de maneira importante. “Hoje existem evidências de que a apneia do sono pode contribuir para aumentar a pressão arterial, aumentar o risco de arritmias e ocorrência de infarto e derrame. A relação, às vezes, pode ser reversa, ou seja, algumas doenças do coração podem favorecer também o surgimento ou a piora da apneia do sono. Cito aqui um caso de insuficiência cardíaca (coração dilatado). Sabe-se que ao dormir, o excesso de líquido no corpo pode se deslocar da parte inferior dos membros para regiões superiores e parte deste líquido pode se acumular na região da garganta, local em que ocorre a apneia”, aponta Drager.

Ainda segundo o médico, todo o paciente com apneia grave é particularmente mais suscetível a um maior risco de ocorrência de doenças do coração. “As pessoas, no geral, devem avaliar a qualidade do sono. Estou respeitando o horário de dormir e a minha necessidade do sono? No período próximo ao horário de dormir, estou evitando situações estressantes ou estímulos visuais que possam atrapalhar meu sono? Alguém relata que estou roncando ou parando temporariamente de respirar, enquanto durmo? Tenho a sensação de que ao acordar meu sono é restaurador? Essas perguntas são importantes para que possamos fazer uma autoavaliação da qualidade do sono para que, em caso de alguma queixa ou sintoma, procure-se atendimento médico para orientação adequada de diagnóstico e tratamento”, indaga.  

Após o diagnóstico da apneia, um dos tratamentos recomendados é a adoção regular do CPAP [Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas – tratamento padrão para a apneia do sono]. Drager ressalta que “ao contrário do que muitos pensam, incluindo profissionais de saúde, o CPAP é no geral muito bem tolerado pelos pacientes em tratamento. Temos evidências, incluindo dados de mais de 31 mil brasileiros e milhões de norte-americanos usando CPAP com telemonitorização (com envio de dados remotamente para acompanhamento do uso e necessidade de ajustes na terapia), que mostram que a adesão ao tratamento é boa, com notória melhora na qualidade do sono”.

O tratamento CPAP, além de promover a melhora na qualidade do sono, demonstrou ser capaz de reduzir a pressão arterial e pode reduzir os riscos para eventos cardiovasculares, como derrame cerebral.


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