Bolsonaro e Michelle Bachelet entram em atrito após críticas da comissária da ONU

Bolsonaro comparou Bachelet a Macron: querem se meter na nossa soberania

A comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro após, em uma coletiva realizada em Genebra, apontar aumento no número de mortes cometidas pela polícia no Rio de Janeiro e de São Paulo, o que é comprovado por números oficiais dos próprios estados.

Segundo Bolsonaro, Bachelet quer, assim como Emannuel Macron, se meter em assuntos internos e na soberania do Brasil.

A comissária da Onu afirmou que as mortes ocorrem em guetos e as vítimas são, principalmente, negros e moradores de favelas. Bachelet disse ainda que há uma “diminuição do espaço cívico e democrático” no país.

“Nós temos visto um aumento marcado na violência policial em 2019 em meio a um discurso público que legitima execuções sumárias e a uma ausência de responsabilização. Também estamos preocupados com algumas medidas recentes como a desregulamentação das regras de armas de fogo, e propostas de reformas para reforçar o encarceramento e levando à superlotação de prisões, aumentando ainda mais as preocupações de segurança pública”, disse.

“Obviamente, também é importante para nós quando ouvimos negações de crimes passados do Estado que se exemplificam com celebrações propostas do golpe militar, combinadas com um processo de transição jurídica que pode resultar em impunidade e reforçar a mensagem de que os agentes do Estado estão acima da lei e estão, na prática, autorizados a matar sem serem responsabilizados.”

A reação do presidente do Brasil veio com a afirmação de que  Bachelet está seguindo a mesma linha do presidente da França, Emmanuel Macron. Durante as queimadas na Amazônia,  o líder brasileiro travou duros embates sobre questões ambientais em decorrência de críticas do mandatário francês sobre o aumento do desmatamento no Brasil.

“Michelle Bachelet, comissária dos Direitos Humanos da ONU, seguindo a linha do Macron em se intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira, investe contra o Brasil na agenda de direitos humanos (de bandidos), atacando nossos valorosos policiais civis e militares”, escreveu Bolsonaro em publicação nas redes sociais.

“Diz ainda que o Brasil perde espaço democrático, mas se esquece que seu país só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta à esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”, acrescentou Bolsonaro em seu twitter.

Foi uma referência ao ano de início da ditadura militar chilena de Augusto Pinochet que governou o país com mão de ferro até 1990.

Alberto Bachelet, pai de Michele, foi um oficial chileno da Força Aérea do Chile que se opôs ao golpe, foi preso e submetido à tortura por vários meses até sua morte, em 1974.


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