Covid longa: reabilitação de pacientes com sintomas da infecção é o novo desafio dos médicos

Unidades hospitalares e médicos têm se preparado para lidar com as sequelas da infecção que duram por pelo menos quatro semanas

[Covid longa: reabilitação de pacientes com sintomas da infecção é o novo desafio dos médicos ]

FOTO: Pixabay

Após dois anos do primeiro caso de Covid-19 no Brasil e com boa parte da população vacinada, um desafio ainda continua pendente: a recuperação de pacientes com sequelas do vírus. Esse público é formado, principalmente, por pessoas com Covid longa - quando os sintomas permanecem por pelo menos quatro semana - que possuem manifestam queixas como fadiga, fraqueza, falta de ar, dor e confusão mental.  

Segundo especialistas, é necessário que o país tenha uma rede integrada de reabilitação e um protocolo nacional para que médicos e enfermeiros saibam lidar com esses casos.  Até porque, não é incomum ver pacientes peregrinando no sistema de saúde público e privado em busca de ajuda para tratar os sintomas persistentes. 

A diretora do Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para Reabilitação e presidente do Conselho Diretor do Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas, Linamara Rizzo Battistella, reafirma essa posição, entrevista ao O GLOBO. 

"É preciso dar reabilitação ajustada à necessidade de cada paciente. Caso contrário, vamos ter uma população inteira demandando cuidados permanentes e fora da condição produtiva", diz a especialista, idealizadora da Rede Lucy Montoro. "O hospital salva a vida, mas é a reabilitação que devolve essa vida para a sociedade".

Há quem defenda também uma centralidade no cuidado das pessoas com sequelas da Covid-19, para que a peregrinação de pacientes em hospitais, pelo sistema de saúde público e privado, seja evitada. Esse é o caso da pneumologista Patrícia Canto, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). "O SUS pode dar conta, mas são necessários investimentos e organização. O ideal é que o paciente consiga ir a um centro especializado para receber todo o atendimento", argumenta Canto, ao O GLOBO.

Alguns estados brasileiros, como o Piauí, criaram unidades específicas para a reabilitação pós-Covid dos pacientes. Entretanto, especialistas afirmam que esses cuidados podem ser feitos nos já existentes Centros Especializados em Reabilitação (CER). O SUS possui, atualmente, 268 CER espalhados, de forma desigual, pelos 27 estados.

É isso que defende o pneumologista Carlos Carvalho, diretor da UTI Respiratória do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP. Ele afirma que o Ministério da Saúde deve diagnosticar as necessidades de atendimento médico em reabilitação de cada estado do país e, depois disso, avaliar a necessidade de investimentos nos CER. 

Além disso, Carlos Carvalho diz que outra prioridade para tratar os pacientes com Covid longa é a elaboração de um protocolo nacional para o pós-Covid. O especialista enviou, em dezembro, à Secretária Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite, uma sugestão de um programa de avaliação e tratamento de síndrome pós-Covid elaborada em conjunto com outros profissionais da saúde. Conforme informações do pneumologista ao O GLOBO, ainda não obteve retorno.


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