Desvio de dinheiro

[Desvio de dinheiro]

FOTO: Reprodução

O percurso do dinheiro desviado pode ser longo e complexo, povoado de agentes e tramoias, mas também pode ser sorrateiro e rápido, transferido sem delongas para algum lugar que nunca deveria estar. Não importa os requintes da intransigência, desviar é, em um linguajar menos técnico e defensivo, roubar dinheiro em benefício próprio ou de um grupo. É corrupção passiva descarada, apesar de velada, que desfalca algo ou alguém por inescrupulosos inimigos do bem-estar social (é conivente com a desigualdade e repele direitos fundamentais) e do avanço do Brasil como nação.

Especula-se que os desonestos desviam – ou roubam – dinheiro em busca de manter privilégios, mas privilégio, no sentido amplo e legal do substantivo, nada tem a ver com ilicitudes – o relaciona quem corrompe. Privilégio se busca por meio do afinco nos estudos, no trabalho, ao atingir um cargo hierárquico alto no setor privado, público ou na política, por exemplo; ou, então, ressignifica a si mesmo perante o mundo e se vê privilegiado por ser e estar, mas nunca por roubar. Desviar dinheiro para ser privilegiado é egocêntrico.

Do servidor público ao dirigente de órgão público, alta cúpula de um partido político; políticos em mandato público em qualquer esfera (municipal, estadual ou federal), ou até mesmo no setor privado, como dirigente de um clube, sindicatos, de uma multinacional, de uma associação de bairro, qualquer um se torna corrupto quando desviam para si o dinheiro que deveria ser aplicado a um bem comum.

No caso do dinheiro público, entretanto, o desvio significa menos investimento em saúde, educação e infraestrutura à população. Em outra perspectiva, é estrangular o desenvolvimento; é roubar para alimentar um esdrúxulo e démodé sentimento de poder de mando, um complexo de superioridade que esconde inferioridades.

Os escândalos constantes de uso indevido do dinheiro público ainda assustam, como se um passado inglório de corrupção dos tempos de Brasil colônia e outros períodos nada tivesse ensinado a quem ocupa ou desejar ocupar o poder no país. Seja em Brasília, ou Salvador, qualquer eventual desvio é assombrosamente prejudicial a um país – e uma cidade – que quer se desprender de velhos hábitos e voltar a crescer – a indignação já está instada no povo.


Comentários

Relacionadas

Veja Também

Fique Informado!!

Deixe seu email para receber as últimas notícia do dia!