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Dia de Iemanjá: 100 anos de homenagens à Rainha do Mar

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Dia de Iemanjá: 100 anos de homenagens à Rainha do Mar

Devotos se reúnem no Rio Vermelho, todo 2 de fevereiro, para celebrar a orixá

Por Lara Curcino
Dia de Iemanjá: 100 anos de homenagens à Rainha do Mar
Foto: Gilberto Júnior / Farol da Bahia

Basta ser de Salvador para saber que 2 de fevereiro não é um dia comum. Nesta data, a cidade volta os olhares para o bairro do Rio Vermelho e as celebrações em homenagem a Iemanjá.

A orixá é a padroeira dos pescadores e conhecida como a rainha do mar. Isso porque, segundo a crença das religiões de matriz africana, Iemanjá decide o destino de todos os que adentram as águas marítimas. Por isso, é à beira do oceano que se concentram as homenagens.

Na escada que fica ao lado da Casa de Iemanjá, os devotos descem os degraus para encontrar, na Praia do Rio Vermelho, uma multidão que festeja a orixá desde as primeiras horas do dia.

Rituais

Às 4h45, é dado início oficialmente às celebrações, com a alvorada, ao som dos tambores da Umbanda e do Candomblé. Fogos de artifício anunciam o começo dos rituais e uma fila se forma na praia para deixar as oferendas a Iemanjá.

O fim dos rituais religiosos acontece às 16h, com a saída dos barcos e o cortejo dos pescadores pelo mar. Algumas embarcações levam as pessoas interessadas em acompanhar o trajeto marítimo.

História

Como manda a tradição, a maioria veste roupas brancas e oferta rosas também brancas à rainha do mar.

"A ideia de dar um presente a Iemanjá é que ela devolva em forma de paz, de prosperidade, de amor. Ela tem uma representatividade de figura materna muito grande e é como se estivéssemos presenteando nossa mãe, que nos dá em troca bons sentimentos. Antigamente, eram diferentes itens ofertados à orixá no mar, mas com o tempo os próprios terreiros foram ganhando a consciência da poluição marítima e passaram a dar flores por causa disso. Como o branco é muito característico das religiões de matriz africana, por isso a rosa branca se popularizou como oferenda", explicou o babalaô e historiador Luiz Antonio Simas.

Pela tarde, após as 16h, os rituais religiosos se encerram e dão lugar à festa popular. As ruas do Rio Vermelho, então, são tomadas por uma multidão, que segue até a madrugada do dia seguinte na região. E o bairro não foi escolhido à toa para sediar os festejos.

"Essa tradição completa 100 anos de história em 2023. Em 1923, uma colônia de pescadores de Salvador estava passando por períodos de pouca fartura nas pescas. Eles então prometeram a Iemanjá que, se conseguissem uma boa leva de peixes, fariam todos os anos uma festa em homenagem a ela. E assim aconteceu. Como os pescadores eram da região do Rio Vermelho, foi por isso que o a celebração ocorreu no bairro pela primeira vez e continuou até hoje. É também por isso que o dia 2 de fevereiro foi escolhido, já que a primeira festa aconteceu nesta data", detalhou Simas.

Uma das principais festas populares de Salvador, o Dia de Iemanjá costuma movimentar cerca de 200 mil turistas e soteropolitanos em 2023, diluídos em grupos de 5 a 10 mil, segundo estimativa da Fundação Gregório de Mattos (FGM).

Entre os presentes na celebração, estará a contadora Joana Azevedo, de 26 anos. Ela frequenta o evento por influência de colegas de faculdade há oito anos.

"Eu nunca tinha ido, porque não é um costume da minha família. Quando comecei a fazer faculdade, alguns colegas estavam combinando de ir, eu demonstrei interesse e me juntei a eles para ver como era. Fomos bem cedo, 4h30, para ver a alvorada. Me tocou tanto que passei o dia lá e só fui embora depois do cortejo. Desde então, vou todos os anos com o mesmo grupo, já é uma tradição", contou ela.

Iemanjá

A Rainha do Mar, tão adorada pelos devotos, tem também grande expressividade entre as divindades, já que é considerada a mais de todos os orixás.

"A figura materna dela diante dos orixás faz com que ela tenha essa potência e que seja, inclusive, um símbolo tão forte do sincretismo religioso. Porque todo mundo se identifica com a representação da mãe. No dia 2 de fevereiro, encontramos pessoas das mais diversas crenças pedindo a bênção a Iemanjá. E dentre as divindades, ela também é essa referência de encontro, de equilíbrio e paz", destacou Luiz Antonio Simas. 

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