Especialista fala sobre vida sexual após a remoção da próstata

Além dos cuidados e recomendações médicas, a função sexual como um todo depende de múltiplos fatores

[Especialista fala sobre vida sexual após a remoção da próstata]

FOTO: Divulgação

Passar por uma cirurgia de remoção de próstata para retirada de câncer gera dúvidas e inseguranças. Mesmo que a recuperação e cura da doença sejam os pontos mais importantes, a vida sexual pós-cirurgia também é outro fator que preocupa a maioria dos homens que passam pelo procedimento de prostatectomia.

De acordo com o uro-oncologista Dr. Marcos Tobias Machado, os principais riscos para a vida sexual, no caso de cirurgias de remoção de próstata, estão na perda da ereção, com insuficiência do pênis para atingir uma penetração firme na vagina da parceira, distúrbios na ejaculação, no controle urinário e na esfera do psiquismo. “Todas estas condições têm tratamento apropriado, que podem levar a recuperação da função sexual”, explica.

Questionado sobre por quais motivos à atividade sexual é afetada, o médico conta que, por conta do próprio tratamento inicial os nervos já são atingidos. “Todos os tratamentos para o câncer da próstata podem potencialmente afetar a função sexual. A cirurgia por ação direta nos nervos da ereção, a radioterapia devido à obstrução tardia dos vasos sanguíneos que pode afetar os nervos da ereção (o efeito pode aparecer depois de muitos anos)”, explica. “As medicações orais e injetáveis afetam diretamente a produção de testosterona, hormônio responsável pela libido e por auxilie também na ereção do pênis. Pacientes tomando essas medicações normalmente tem testosterona em níveis de castração, necessário para combater o câncer, mas deletério para a função sexual”, completa Dr. Marcos Tobias.

Apesar da perda em relação à “potência”, a libido nem sempre desaparece. “A cirurgia em geral não tem influência na libido. O que pode acontecer em longo prazo é que aqueles que perderem a capacidade de ereção e não fazem um tratamento para reabilitação dessa função, passem a se desinteressar por sexo”, afirma. “Aqui também o papel do terapeuta sexual é de suma importância pra que o paciente fique bem”, explica o médico, pois a falta da atividade sexual pode levar o paciente a depressão. “S o paciente não estiver adequadamente esclarecido que pode levar meses para a recuperação da função sexual e que eventualmente ela pode não retornar, um quadro depressivo pode ocorrer. Quando percebemos pacientes com esse perfil solicitamos o acompanhamento de um psicoterapeuta, que ajuda muito na compreensão e equilíbrio psicológico do paciente”, completa.

Com opções de tratamento é possível utilizar medicações orais, injeção intracavernosa e litotripsia extracorpórea (tem como função a regeneração dos vasos para melhorar a ereção). Apenas depois disso, caso não haja melhora na rigidez peniana, é que é indicado o implante de prótese peniana num período mínimo de 1 ano e meio após a cirurgia.

Recomendações para recuperação da vida sexual

De acordo com o urologista, logo após uma cirurgia de próstata é iniciado o uso de medicação oral diária após 10 dias do ato cirúrgico. “Isto normalmente ajuda numa recuperação mais precoce da ereção. Para casos com necessidade mais precoce de atividade sexual, recomendamos o uso de injeções intracavernosas após 30 dias da cirurgia, com ótimos resultados. Já a litotripsia extracorpórea poderia melhorar também a ereção, permitindo uma reabilitação mais rápida”, explica.

Além dos cuidados e recomendações médicas, a função sexual como um todo depende de múltiplos fatores como, a irrigação do pênis, a inervação do órgão, fatores hormonais, psicológicos e externos - como a cirurgia de próstata.

“O prazer na atividade sexual está também diretamente associado a uma vida psíquica saudável, principalmente quando se fala do relacionamento interpessoal com a parceira”, conclui Dr. Marcos Tobias.


Comentários

Relacionadas

Veja Também

Fique Informado!!

Deixe seu email para receber as últimas notícia do dia!