Podcast é o produto midiático do momento. Dinâmico, pontual e que possibilita ao ouvinte fazer outra atividade enquanto escuta o programa. Existe um boom de podcasts no Brasil, que se projetam nas plataformas de streaming ou no velho – apesar de não tão velho – conhecido Youtube, um canal de maior amplitude por ser gratuito, mas que funciona bem para este tipo de mídia devido à caixa de comentários, sugerindo interatividade entre quem faz e quem consume.
O presidente da Câmara Rodrigo Maia, no entanto, ignorou – ou censurou? – esta ferramenta no “Resenha com Rodrigo”, que estreou ontem. Então é assim: ele fala e cada palavra dita morre em si mesma, afinal, apenas a opinião do deputado importa.
Ou concorda com Maia ou passa longe do programa. Mesmo porque, baseado no primeiro episódio, nada de novo no front: pouco mais de 10 minutos de audição monótona sobre assuntos que pautam o Congresso e tangem o Executivo, com aquele discurso “maista” morno, nunca incisivo.
Na manhã desta terça-feira (25), eram 8.024 inscritos, um número ainda consideravelmente baixo em se tratando do presidente da Câmara dos Deputados que, inclusive, fala sobre uma suposta onda que pede sua reeleição ao cargo. Tragicômico é Maia usar seu podcast para criticar um movimento que rechaça com veemência. “Radicalmente contra”, começa seu rápido comentário sobre o assunto, e chega até a dizer que seu ciclo se encerrou. Uma pena o povo não poder cobrar, ali nos comentários, que o parlamentar figurão cumpra sua palavra.
Os buchichos nos corredores do Congresso sobre o “Resenha com Rodrigo”, como revelou o Carvalho na segunda-feira (24), é que Maia almeja um novo ciclo, o da presidência, hoje ocupada por Jair Bolsonaro, seu nítido desafeto. Para um dia ocupar a principal cadeira do Executivo, Maia terá que fazer e ser muito mais do que um mero comentarista de podcast e um presidente de Câmara que mais tumultua do que aglutina seus pares em prol do país.
