Quando o celular de Thais Souza quebrou, ela não pensou em outra escolha: levar para a manutenção. Para ela, que estuda através de aulas virtuais, a compra de outro aparelho não estava dentro do orçamento e a preferência pelo conserto traz um melhor custo-benefício.

"Se eu fosse comprar um celular pela internet, por exemplo, eu teria que pagar um valor maior e ainda teria que esperar chegar. Preferi mandar para a manutenção porque é um serviço que resolve meu problema mais rápido já que no meu bairro tem uma loja de manutenção", contou a estudante.

A conexão diária com os aparelhos celulares, notebooks e outros aparelhos eletrônicos tem sido a realidade da maioria dos brasileiros. Com a pandemia, muitos trabalhos foram deslocados para o 'home office' e as aulas, que eram apenas presenciais, passaram a se encaixar na tela dos computadores e smartphones. Logo, quando algum aparelho quebra, isso acaba afetando toda a rotina das pessoas que dependem do mundo virtual para trabalhar/estudar.

De acordo com dados do Google Trends, plataforma que pesquisa os termos mais buscados, entre o período de 6 a 12 de junho deste ano, a busca por manutenção de celulares foi maior do que para a compra de novos aparelhos. A maioria dos brasileiros (53%) optaram por buscar locais para a realização da manutenção dos seus aparelhos contra 11% que buscaram locais para comprar um novo eletrônico.

Dados do GetNinjas, plataforma que conecta prestadores de serviços aos usuários, houve um aumento de 40% nas solicitações de assistência técnica para produtos eletrônicos como notebooks (35,45%), celulares (16,23%) e computador desktop (7,81%).

Um dos fatores que pode explicar o motivo pela procura no conserto dos celulares é a crise financeira provocada pela pandemia e o crescimento no número de desempregos. 

Conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), do IBGE, a taxa oficial do desemprego no Brasil subiu para 13,3% no trimestre encerrado em junho, atingindo um total de 12,8 milhões de pessoas desempregadas e o encerramento de 8,9 postos de trabalho.

Porém, essa busca pela manutenção dos celulares também indica que muitas pessoas estão procurando se recolocar no mercado de trabalho. 

Segundo o Centro Brasileiro de Cursos (CEBRAC), o curso de Manutenção de Computadores e Celulares registrou uma alta de 25% em 2020 e 2021 em comparação com 2019. Outro fator interessante é a mudança no perfil dos interessados, para alunos de 30 a 35 anos, indicando que as pessoas estão procurando uma forma de trabalhar para garantir uma renda.

"Já são mais de 1 milhão de pessoas desempregadas desde o começo da quarentena no país. Muitos ofícios como eletricistas, encanadores, e outros não podem ser exercidos. Além de outras profissões e pessoas que trabalhavam de forma autônoma. Logo, o curso de Manutenção de Celulares e Computadores abre a oportunidade de uma nova fonte de renda para as pessoas e é por isso que entendemos essa alta na procura pelo curso no mês de Maio. Além claro, das pessoas que estão demandando mais por este serviço de manutenção", pontua a Superintendente do CEBRAC, Luciana Fontes.