Mudanças climáticas do passado impactaram genética de ave na Amazônia

Com redução da cobertura vegetal, as populações da ave reduziram e tiveram aumento no cruzamento entre parentes, aponta pesquisa

[Mudanças climáticas do passado impactaram genética de ave na Amazônia]

FOTO: Reprodução/ValterCampanato/AgênciaBrasil

Os efeitos das mudanças climáticas naturais ocorridas há milhares de anos na Amazônia, foram registrados no genoma de pássaros do gênero Willisornis. O pássaro também é conhecido como rendadinhos ou formigueiros, e segundo o biólogo Alexandre Aleixo, pesquisador do ITV-DS que liderou o estudo, eles são bioindicadores naturais da Amazônia.

Os pássaros dessa espécie tiveram uma redução na sua diversidade genética ao longo do tempo devido às transformações ambientais ocorridas no período de glaciação. Os resultados foram descritos em um artigo publicado nesta quarta-feira (24), na revista científica Ecology and Evolution, os achados podem contribuir para a análise de possíveis efeitos do aquecimento global, fenômeno atualmente em curso impulsionado pela ação do homem no planeta.

O biólogo explica que os pássaros do gênero Willisornis só vivem próximos ao solo da floresta e a distribuição dele indica a presença de uma floresta úmida. As mudanças climáticas influenciam processos de expansão e retração da cobertura vegetal da Floresta Amazônica, com isso, as aves passaram por um cenário crítico no interstício que vai de 80 mil até 20 mil anos atrás, quando houve uma redução da área de mata fechada em decorrência da glaciação.

Aleixo acrescenta que com menos cobertura vegetal, as populações de Willisornis se reduziram e, consequentemente, apresentaram taxas mais elevadas de cruzamentos entre parentes. Os pesquisadores engrandecem a resiliência das aves, que demonstraram capacidade de sobrevivência mesmo em uma situação adversa. 

Os nove pássaros envolvidos nas pesquisas que tiveram seus genomas sequenciados, são de diferentes localidades e foi observada uma variação genética bem mais limitada no sul e no sudeste da Amazônia. Os resultados indicam que essas regiões enfrentam transformações mais significativas durante os períodos secos, quando a floresta úmida se converte em ambientes abertos, como cerrados.


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