Frequentes em períodos de secas, como nestas primeiras semanas de inverno, os focos de incêndio tanto pesam e aumentam devido ao fator humano, como pelas condições climáticas (ventos fortes, pouca chuva). Apesar dos frequentes alertas sobre perigos em atear fogos em lixos próximos a vegetação ou residências, além do velho hábito em usar fogo para limpeza de terrenos no meio urbano, os números são desastrosos nestes primeiros meses do ano. No Brasil, já são cerca de 25.740 focos, segundo relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o segundo pior quadro entre os 14 países da América do Sul (atrás apenas da Venezuela, e por uma diferença pequena, com 25.828 focos). 

A Bahia faz parte do grupo dos estados brasileiros com mais focos de incêndio no país em 2019, com 1621, que segundo os dados do Inpe, representa um aumento de 147% em relação ao total registrado em 2018 – 656 focos. Trata-se de um alerta emergencial para o poder público verificar junto à sociedade civil o que de fato causa este considerável aumento. 

A relação entre a quantidade de focos de incêndio e as inúmeras consequências do fogo ateado de forma criminosa ou indevida (caso realizado com uma autorização do Ibama), por certo, vão no sentido da negligência. Em qualquer caso, é preciso ter a consciência de que um mínimo deslize pode custar vidas, ou custar cifras astronômicas ao governo ou municipalidades, se o alvo atingido for florestas. 

É questionável se falar em queimada consciente, controlada. Fazer um aceiro (desbaste de um terreno em volta de propriedades, matas e coivaras, para impedir propagação de incêndios) requer o cuidado de escolher a melhor hora do dia, num momento de menor temperatura e menor presença de ventos, no sentido de ficar mais fácil controlar o fogo. Ações como essas, mesmo autorizadas, devem ser fiscalizadas de perto pelos órgãos competentes. 

Mudar hábitos corriqueiros também ajudam a diminuir estes focos. O cidadão pode contribuir com o meio ambiente e evitar queimadas ao não jogar pontas de cigarros ou fósforos à beira de estradas ou perto de campos e florestas, não soltar balões e também não usar fogo para eliminação de lixo ou para limpeza e plantação.