"O acolhimento médico à paciente com endometriose é fator fundamental para o diagnóstico e tratamento", explica especialista!

A endometriose é uma doença ginecológica que acomete milhões de brasileiras. Trata-se de uma doença inflamatória, caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, principalmente nos órgãos e tecidos pélvicos. Geralmente, essa doença afeta mulheres em idade fértil, da adolescência à menopausa. Um dos principais sintomas é a dismenorreia: dor pélvica incapacitante durante o período menstrual. Cerca de 30 a 50% das mulheres com endometriose apresentam quadro de infertilidade, o que pode provocar depressão e estresse nessas mulheres.  "Quando vem um novo ciclo menstrual, essas células, que deveriam ter ido embora, proliferam e na hora que o endométrio descama, ele sangra. Esse sangramento, seja microscópico ou visível, causa irritação – por estar num lugar onde não deveria estar – e dor forte na região onde essas células se concentraram", diz a Dra. Carolina Ribeiro, ginecologista e integrante do Núcleo de Endometriose e Fertilidade da Bahia (NEF). "É por isso que um tratamento humanizado pode ser fundamental nessa descoberta da endometriose", defende a especialista. 

A falta de compreensão das mulheres sobre esta doença é um dos principais obstáculos para a detecção precoce desse problema. Muitas mulheres demoram anos para chegar ao diagnóstico. Quanto antes for descoberto, o prognóstico será melhor. Os sintomas crônicos da endometriose e seu impacto negativo na vida das mulheres também podem reduzir seriamente a qualidade de vida das portadoras. Por conta disso, é fundamental que o médico esteja atento e acolha essas mulheres. A endometriose é um fantasma na vida delas, mas saber que é uma doença que pode ser vencida com diagnóstico precoce e ajustes no estilo de vida, é uma boa notícia nesse Março Amarelo, mês de conscientização dedicado à endometriose. "Por isso, é tão importante divulgar que a endometriose é uma doença que pode causar sofrimento às mulheres e afetar até a sua capacidade reprodutiva. É preciso que todos se conscientizem que o diagnóstico precoce pode ser fundamental na luta contra a doença. E que sentir dor nunca é normal", explica a especialista.

É necessário promover uma avaliação e triagem adequada, levando à paciente informações, orientação e apoio, tanto no alivio da dor, como no conforto psicológico. É fundamental que desde o primeiro momento, o médico promova acolhimento e humanização durante o diagnóstico e tratamento. A trajetória dessas mulheres é marcada na maior parte do tempo, pela desvalorização das suas queixas por profissionais de saúde e pessoas próximas, pela naturalização da dor feminina e pela dificuldade em estabelecer um diagnóstico diferencial. "Não é apenas uma dor. Não é normal sentir dor. Algumas mulheres não se sentem acolhidas nessa relação médico-paciente e terminam não se abrindo totalmente com o profissional. Ser honesta e falar sobre todos os sintomas, é preponderante para minimizar o tempo do diagnóstico", finaliza Dra. Carolina.

O Núcleo de Endometriose e Fertilidade atua com equipe multidisciplinar, em diversos pontos de Salvador. Para mais informações sobre atendimentos, basta acessar o perfil do grupo no Instagram (@nefbahia).