Pesquisadores testam novo tratamento para combater o vírus do HIV
Dois tipos de medicamentos experimentais foram testados em pessoas recentemente diagnosticadas com o vírus
Uma pesquisa do Hospital Universitário de Aarhus mostrou que a eficácia com os anticorpos monoclonais é um grande passo em direção à cura do HIV. O novo tratamento foi publicado na Nature.
No novo estudo, os pesquisadores estudaram os efeitos de dois tipos de medicamentos experimentais em pessoas recentemente diagnosticadas com HIV. Os participantes da Dinamarca e do Reino Unido foram randomizados em quatro grupos, todos os quais receberam o tratamento padrão - chamada terapia antirretroviral, que suprime a quantidade de vírus no sangue e restaura parcialmente o sistema imunológico. Porém, caso o tratamento padrão seja descontinuado, a quantidade de vírus no sangue aumenta em semanas para o mesmo nível de antes do início do tratamento padrão.
Um grupo também recebeu o medicamento Romidepsin, que tem como objetivo evitar que o vírus se escondesse nas células imunológicas do corpo, enquanto outros receberam anticorpos monoclonais contra o HIV, que podem eliminar as células infectadas e fortalecer o sistema imunológico.
Um terceiro grupo recebeu o tratamento padrão sem medicamento experimental, enquanto o grupo final recebeu uma combinação do tratamento padrão e os dois tipos de medicamento experimental.
"Nosso estudo mostra que pessoas recém-diagnosticadas com HIV que recebem anticorpos monoclonais juntamente com seus medicamentos habituais para o HIV mostram uma diminuição mais rápida na quantidade de vírus após o início do tratamento e desenvolvem melhor imunidade contra o HIV, e seu sistema imunológico pode suprimir parcial ou completamente o vírus se eles estiverem fazendo uma pausa em seus remédios habituais para o HIV", explica Jesper Damsgaard Gunst, do Hospital Universitário Aarhus e autor principal do estudo.
De acordo com os pesquisadores, os anticorpos monoclonais ajudam o sistema imunológico a reconhecer e matar as células infectadas. Além disso, os anticorpos também se ligam em grandes complexos aos vírus que acabam nos gânglios linfáticos, onde, entre outras coisas, estimulam a capacidade de certas células do sistema imunológico de desenvolver imunidade ao HIV. Dessa forma, o corpo pode controlar a propagação do vírus e se "proteger" dos danos induzidos pela infecção pelo HIV.
"Este estudo é um dos primeiros a ser realizado em seres humanos no qual demonstramos uma maneira de fortalecer a capacidade do próprio corpo de combater o HIV — mesmo quando o tratamento padrão de hoje é interrompido. Portanto, consideramos o estudo um passo importante na a direção de uma cura, apesar de que há um caminho longo a percorrer para isso”, diz Ole Schmeltz Søgaard, Professor de Pesquisa Translacional Viral da Universidade de Aarhus.