Salve, Iemanjá! Dia 2 de fevereiro celebra a mãe de todos os orixás

Em entrevista, candomblecista falou sobre a importância da rainha das águas

[Salve, Iemanjá! Dia 2 de fevereiro celebra a mãe de todos os orixás]

FOTO: Divulgação

Cultuada pelas religiões de matriz africana, Iemanjá, a Rainha do Mar, recebe oferendas e homenagens de seus devotos nesta quinta-feira (2), na Praia do Rio Vermelho, em Salvador. Há 100 anos, os peixes estavam escassos e um grupo de  pescadores da região resolveu levar presentes à orixá, pedindo fartura. A súplica foi atendida e, desde então, todos os anos um grande número de devotos celebra a rainha das águas no dia 2 de fevereiro.  

“Por conta da colônia de pescadores, as homenagens a Iemanjá passaram a ficar mais presentes no bairro do Rio Vermelho. A festa surge como um agradecimento dessas comunidades de pescadores para os mares da Baía de Todos-os-Santos. A importância [da festa] toca diretamente na sobrevivência de uma tradição e na valorização dos costumes afros”, explicou o historiador Rafael Dantas, durante entrevista ao Farol da Bahia.

Perpassando as homenagens feitas à rainha das águas em fevereiro, o jornalista Jorge Mário, de 30 anos, afirmou que todo candomblecista é devoto de Iemanjá e a celebra durante todo o ano. Segundo ele, a orixá tem uma importância muito grande para as religiões de matriz africana por ser a mãe de todos os outros orixás. 

“A minha família por parte de mãe e pai é candomblecista. Então, sigo o candomblé desde de criança. Todo candomblecista é filho e devoto de Iemanjá porque para as religiões de matriz africana ela é a mãe de todos os orixás e a mãe do ori, que é a nossa cabeça. No candomblé, a gente acredita que a cabeça é um dos elementos mais importantes do nosso corpo. Não tem como a gente se desenvolver na vida se a nossa cabeça ou nosso ori não está em equilíbrio”, afirmou Mário.

“Iemanjá é responsável por essa parte importante da nossa matéria e do nosso espírito. O 2 de fevereiro, portanto, é muito importante. De dezembro até um pouco antes do carnaval nós temos as festas populares, sendo que a grande maioria delas bebem do sincretismo religioso. No dia 4 de dezembro, por exemplo, temos a festa de Santa Bárbara que termina sendo sincretizada com Iansã. O 2 de fevereiro é o único dia que a cidade de Salvador celebra unicamente um santo de religião de matriz africana”, completou.

Para o candomblecista, as celebrações do Dia de Iemanjá também são importantes para romper estigmas e preconceitos. “Se pararmos para analisar todo o contexto de intolerância religiosa, a celebração única de Iemanjá no 2 de fevereiro é muito emblemática. A cidade para, o bairro do Rio Vermelho recebe milhares de pessoas para saudar um orixá e não tem sincretismo nenhum com outra religião. Isso é muito importante para o povo de santo”, explicou.

De acordo com Mário, o sentimento de participar da celebração é de gratidão e orgulho. Além disso, ele afirmou que o festejo marca o início de um novo ano.  “As religiões de matriz africana carregam na sua essência e nos seus costumes uma beleza ancestral incrível. Ao participar da festa sinto-me renovado, pois tem toda aquela energia de início de ano. É, portanto, uma celebração pedindo caminhos abertos”, concluiu o candomblecista.

Foto: Arquivo Pessoal/Jorge Mario


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