Uso de drogas no Brasil 'é questão de saúde, não de polícia', diz a ministra Cármen Lúcia
Para ela, 'quem porta droga' ou 'faz uso não necessariamente comente um crime'
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia em participação gravada para o evento Cannabis Affair, que será transmitida nesta quarta-feira (9), defendeu que os problemas envolvendo o uso de drogas no Brasil devem ser vistos como "questão de saúde, não de polícia".
"Quem porta droga e faz uso da droga não necessariamente comete um crime que pode ser equiparado a práticas que são realmente nocivas à sociedade e às pessoas, como o tráfico, a comercialização", diz a ministra.
Segundo ela, há uma preocupação da Suprema Corte de não criminalizar em excesso os crimes relacionados ao uso de drogas, pois "há uma população carcerária enorme" no país.
"É preciso que o poder público brasileiro invista em políticas de saúde para aqueles que estão em uma situação de vício, e que seja pelo álcool ou por outro tipo de droga, que ele receba um tratamento. Porque essa é uma questão de saúde, não de polícia", ponderou Cármen Lúcia.
Em seu discurso no encontro, a ministra ressaltou também que quando um usuário consegue sair da cadeia sem se envolver com criminalidade, ele acaba sendo estigmatizado pela sociedade. "Indo em penitenciárias me deparei com declaração como “Doutora, cumpri minha pena, fiquei seis meses tentando emprego, mas só o pessoal da boca de fumo me chamava pra consegui algum dinheiro pra casa", contou.
O evento Cannabis Affair pode ser conferido clicando aqui.