Travestis e mulheres trans também precisam se conscientizar sobre o câncer de próstata
Novembro Azul chama atenção para inclusão desse público
Na maioria das vezes, as campanhas de conscientização para o diagnóstico precoce dos cânceres de mama e de próstata ignoram as pessoas transgêneras. Especialistas afirmam, no entanto, que isso não deveria acontecer porque mulheres transexuais, travestis e algumas pessoas com identidade de gênero não-binária também possuem a glândula prostática e, portanto, estão suscetíveis ao câncer de próstata.
Por esta razão, a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) afirma que mulheres trans e travestis também precisam receber os alertas do Novembro Azul e passar pelos exames de rastreamento que facilitam a detecção precoce da doença. “A campanha Novembro Azul visa alertar a populac?a?o que tem próstata para a realizac?a?o do exame que pode indicar precocemente o aparecimento de tumor na próstata. Não há como evitar a doença, mas um diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura”, alerta a Antra, em publicação no Instagram.
De acordo com a Associação, a formação medica no Brasil não se aprofunda na saúde das pessoas trans, o que acarreta um distanciamento entre essa população e os profissionais de saúde. Devido à dificuldade de acesso a profissionais capacitados e falta de medicac?a?o na rede pu?blica, a Antra afirma, ainda, que as campanhas de conscientização voltadas para esse público são extremamente importantes.
Ao longo deste mês, o estímulo ao autocuidado deve chegar ao máximo possível de pessoas, sem distinção. O urologista Frederico Mascarenhas reforça que “mesmo mulheres trans que já fizeram a cirurgia de adequação de gênero precisam realizar exames de avaliação da glândula prostática”.
Independente do gênero, se a pessoa com próstata tem 50 anos de idade ou mais, ela deve se submeter ao exame de toque retal e à verificação periódica do PSA (antígeno prostático específico). Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), para negros e pacientes com histórico de câncer na família, essa investigação deve ser iniciada aos 45 anos.
Além da idade e da hereditariedade, o excesso de gordura corporal também é um fator de risco considerável. Por isso, melhorar a alimentação e o estilo de vida é fundamental na prevenção. Como o diagnóstico precoce aumenta em até 90% as chances de cura, Frederico Mascarenhas, que é chefe do serviço de urologia do Hospital São Rafael, afirma que o preconceito não deve ser um fator que atrapalhe a realização do exame.
“Não podemos aceitar que por preconceito, medo, vergonha, falta de esclarecimento ou de incentivo, essa população deixe de procurar uma unidade de saúde”, disse. Para o especialista, ninguém deve esperar sentir sintomas para consultar o médico porque, em estágios iniciais, o câncer de próstata costuma ser assintomático.
“Quando a doença dá sinais, os mais comuns são dificuldade de urinar e necessidade de fazer isso com maior frequência. Na fase avançada, o tumor pode provocar dor óssea, outros sintomas urinários ou, quando grave, infecção generalizada ou insuficiência renal”, completou o médico.
Tratamento
Quando o câncer de próstata é confirmado, é fundamental iniciar um tratamento personalizado, humanizado e efetivo com brevidade. Para tumores que só atingiram a próstata, mas não se espalharam para outros órgãos, podem ser indicadas cirurgia, radioterapia ou, simplesmente, vigilância ativa.