Aumento no diagnóstico de autismo em meninas desafia conceitos estabelecidos

Crescente número tem gerado preocupações sobre diagnóstico tardio e equívocos

[Aumento no diagnóstico de autismo em meninas desafia conceitos estabelecidos]

FOTO: Reprodução

Uma nova realidade está emergindo no diagnóstico do autismo, desafiando conceitos previamente estabelecidos de que a condição afeta predominantemente meninos. Pesquisas recentes indicam um aumento notável no número de meninas diagnosticadas com autismo, levantando questões sobre subdiagnóstico e possíveis diagnósticos equivocados.

O autismo, um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades sociais, de comunicação e comportamentos repetitivos, tem historicamente sido associado ao gênero masculino. No entanto, à medida que médicos, educadores e famílias se tornam mais atentos aos primeiros sinais, a proporção de meninas diagnosticadas está crescendo.

Anteriormente, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) estimavam que os meninos tinham 4,7 vezes mais chances de receber um diagnóstico de autismo do que as meninas. Entretanto, novos dados revelam que essa proporção diminuiu para 4,2 para 1 em 2018 e, recentemente, para 3,8 para 1, com base em registros de saúde e educação de mais de 226 mil crianças de 8 anos em todo o país.

Esse aumento no diagnóstico de autismo em meninas reflete uma maior conscientização sobre as diferentes manifestações da condição em ambos os sexos. Catherine Lord, psicóloga e pesquisadora de autismo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, afirma que o autismo pode ocorrer em meninas e que existem diferenças notáveis. No passado, muitos profissionais de saúde não consideravam que o autismo poderia se apresentar de forma distinta em meninas, cujas manifestações físicas são menos óbvias. Além disso, meninas com autismo têm uma tendência maior a camuflar suas dificuldades sociais, imitando comportamentos de outras meninas.

Outro fator que contribui para o subdiagnóstico é o tratamento diferenciado dado às meninas desde a infância. Elas são incentivadas a sorrir mais e a participar de brincadeiras em grupo, o que pode mascarar suas dificuldades sociais. Até mesmo os instrumentos usados nos testes de diagnóstico de autismo foram criticados por serem mais adequados para meninos, o que pode levar a uma subavaliação do transtorno em meninas.

A última edição do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), publicada em 2013, reconheceu um espectro mais amplo de comportamentos que podem indicar autismo e destacou que as manifestações sutis das dificuldades sociais e de comunicação em meninas podem passar despercebidas. No entanto, especialistas destacam que ainda há muito a ser compreendido sobre o autismo e sua relação com o gênero, sugerindo que o verdadeiro número de meninas autistas pode ser maior do que os dados indicam.


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