Brasil corre risco de retorno da poliomielite, alerta Fiocruz

Segundo dados da Saúde, o Brasil não cumpre, desde 2015, a meta de 95% do público-alvo vacinado

[Brasil corre risco de retorno da poliomielite, alerta Fiocruz]

FOTO: Agência Brasil

Dado como livre da poliomielite desde o ano de 1994 pela pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil corre risco de voltar a ter novos casos da doença também conhecida como pólio ou paralisia infantil. As informações são do pesquisador Fernando Verani, epidemiologista da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). 

Dentre o principal motivo para o alerta está a baixa cobertura vacinal no país que não cumpre, desde 2015, a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença. 

A poliomielite é uma doença infecto-contagiosa aguda causada pelo poliovírus selvagem responsável por diversas epidemias no Brasil e no mundo. Os sintomas variam entre um resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível, com maior risco em crianças com menos de cinco anos de idade. 

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tanto a vacina inativada, aplicada nos bebês aos 2, 4 e 6 meses de idade. Assim como a vacina atenuada, administrada em gotas via oral entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, entre os 4 e 5 anos de idade, como reforço.

Os dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) apontam que a cobertura vacinal com as três doses iniciais da vacina foi de apenas 67% em 2021. Já a cobertura das doses de reforço (a de gotinha) é ainda menor, com somente 52% das crianças imunizadas.

As regiões com menor percentual são o Nordeste e Norte, com 42% e 44%, respectivamente, para a imunização completa com as cinco doses.

Reintrodução da doença

Em fevereiro de 2022, as autoridades do Malawi, na África, declararam um surto de poliovírus selvagem tipo 1, após a doença infecto-contagiosa ser detectada em uma criança de 3 anos. A menina sofreu paralisia flácida aguda, uma das sequelas mais graves da enfermidade. No país, o último caso havia sido notificado em 1992.

“Enquanto a poliomielite existir em qualquer lugar do planeta, há o risco de importação da doença. É um vírus perigoso e de alta transmissibilidade, mais transmissível do que o Sars-CoV-2, por exemplo. Estamos com sinal vermelho no Brasil por conta da baixa cobertura vacinal, e é urgente se fazer algo. Não podemos esperar acontecer a tragédia da reintrodução do vírus para tomar providências”, afirmou Fernando Verani. 


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