A troca da chefia do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revigora uma dúvida, que também é uma suspeita e permeia uma promessa de campanha do agora presidente Jair Bolsonaro: e a caixa-preta desta empresa pública federal, existe e será enfim analisada? É bem provável que o novo presidente, Gustavo Montezano, saiba que deve achá-la e entregá-la às autoridades responsáveis. A analogia é mesmo perfeita para este movimento de se encontrar pormenores e rasuras de investimentos mal empregados. Em outras palavras, mandar dinheiro público onde não deveria ir.
A crítica mor do mandatário brasileiro, de diversos parlamentares desta e outras legislaturas, além de uma quantidade expressiva de juristas e mesmo da sociedade civil, é de que o BNDES, nos últimos bons anos, foi transformado em instrumento de política ideológica. Encontrar a caixa-preta é uma valiosa oportunidade para jogar luzes em tantos financiamentos dos governos anteriores e que até hoje trazem suspeitas, nunca de fato elucidados.
Mas não é só isso. Caberá a Montezano, claro, estruturar uma maneira – burocrática e legal, óbvio – de devolver recursos (que estão no BNDES) ao Tesouro Nacional. A dinâmica fica mais fácil, se a caixa-preta for encontrada e devidamente – espera-se para sempre – extinguida do banco. Há quem pede a extinção do próprio BNDES, mas esta não seria em hipótese alguma a melhor opção para a economia nacional e ao prestígio do governo.
Do lucro a calotes internacionais, é preciso achar este ponto de desiquilíbrio que abalou o BNDES. Um órgão público de tanto interesse público, com capacidade de tirar colossais projetos do papel, merece o empenho de um governo sério em ter a oportunidade de fazer o diagnóstico pontual, capaz de dar soluções e apontar o que deve ser extirpado.
