Cônsul alemão suspeito de matar marido teria ameaçado testemunha
Polícia Civil do Rio investiga mensagens
O cônsul Uwe Hebert Hahn é investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por suposta ameaça a uma das testemunhas que depuseram no inquérito que apura a morte do marido dele, o belga Walter Henri Maximilien Biot. As mensagens foram enviadas após Uwe ter viajado para a Alemanha no domingo (28).
Segundo os textos apresentados na delegacia que investiga o caso, Uwe Hahn chantageia o amigo do casal. Uwe "Eu estou em segurança. Você não. Você conhece a polícia, eles vão adorar saber a verdade sobre você, Loik e outros. A delegada vai publicar tudo, mesmo sem provas”, diz.
A testemunha rebate: "Eu não preciso estar em segurança nem fugir do país, contrariamente de você. Você é um assassino e você matou meu amigo e vai pagar por tudo isso".
O dialogo continua e o cônsul nega ter cometido o crime: "Eu não matei ninguém e eu fui liberto por um juiz. Você vende drogas e pegou dinheiro com o meu marido".
A testemunha responde: "Você é procurado pela Interpol, ontem condenado a retornar à prisão. Eu não vendo droga alguma, diferentemente de você, e você matou o seu marido e sabe disso. Eu não peguei dinheiro do seu marido que você ama tanto e que você deixou aqui. Era Walter que sempre me ajudava (...) e que era aterrorizado por você" .
As mensagens foram entregues à polícia. Elas estão em francês e foram traduzidas no boletim de ocorrência registrado ontem.
Prisão decretada
A prisão preventiva do cônsul alemão foi decretada na última segunda-feira (29), pelo Tribunal de Justiça do Rio. O juiz Gustavo Kalil, da 4ª Vara Criminal da Capital, determinou ainda a inclusão do nome de Uwe na lista de foragidos da Interpol.
A prisão dele foi relaxada pela juíza Rosa Helena Penna Macedo, da 2ª Câmara Criminal, após avaliar que houve demora na denúncia do Ministério Público. Após a decisão, o diplomata deixou o país com destino a Frankfurt, sua cidade natal.
Investigações
A Polícia Civil foi acionada na noite do dia 5 de agosto para o apartamento do casal, após o médico do Samu se recusar a atestar a morte da vítima por mal súbito.
Segundo o cônsul, o marido teve um surto, tropeçou e caiu entre a sala e a varanda do imóvel. No entanto, o laudo do IML (Instituto Médico Legal) aponta que o corpo da vítima tinha mais de 30 lesões compatíveis com caso de violência e que o belga morreu em decorrência de traumatismo craniano.
O laudo também aponta a ocorrência de hemorragia subaracnoide - que ocorre devido ao extravasamento de sangue entre o cérebro e o tecido.
O advogado do cônsul foi procurado, mas até o momento não se posicionou sobre o caso.