De rumores à barbárie

[De rumores à barbárie]

FOTO: Divulgação

Além do dia de 1969 em que o homem pela primeira vez pisa na Lua, a data 20 de julho, no longínquo 1789, marca uma fase da Revolução Francesa num episódio conhecido como O Grande Medo.  O movimento, de caráter popular, durou cerca de duas semanas e, segundo relatos históricos, causou confusão e danos a Paris. Acredita-se que tudo começou por causa de rumores e, numa rasteira analogia com os dias atuais, sabe-se muito bem como inverdades são catastróficas a uma nação. A fake news, pois bem, é apenas a modernização de injúrias e boatos que corriam em outros tempos. 

As causas d’O Grande Medo rapidamente remetem a eventos recentes no Brasil, no que diz respeito à polarização política que não raramente – por meio da militância... MST – chega às vias de fato. Acredita-se que tudo começou nas províncias francesas quando circularam notícias (rumores) entre os camponeses de que a aristocracia conspirava para arruinar as plantações dos pobres trabalhadores, que bandidos seriam contratados para que percorressem os campos cortando o trigo verde e estragar a colheita. 

A não checagem dos fatos, à época, levou ao desespero e à barbárie, que ao menos atualmente é uma reação um pouco mais civilizada – ainda longe da mais sensata, mesmo com tantos exemplos da História. Houve saques, antigas propriedades feudais queimadas e o medo alastrou-se com rapidez. O temor, em forma de rumores, era de que nobres proprietários estavam monopolizando o grão para o vender a um preço mais alto. É, no entanto, um episódio cujos autos históricos nunca comprovaram e trata, mesmo, como um fato criado para causar alarde entre os camponeses. 

O Grande Medo, entre dramas, mistérios e elementos hostis, é um curioso momento da Revolução Francesa que leva a muitas reflexões. Da brutalidade ocasionada por uma falsa notícia ao poder de forças ocultas em causar o embate de classes sociais, o legado é a persistência do temperamento impulsivo do homem perante um estranhamento, que prefere apedrejar do que dialogar, com resultados quase sempre desrespeitosos. O Grande Medo numa longe França em pólvoras, ainda vive e se remexe mundo afora. Até quando? 


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