A virulência como se alçam velhos preconceitos diante da região Nordeste é tão desprezível quanto os insultos a quem lá nasceu. Por certo, uso de expressões pejorativas para se referir ao povo nordestino são igualmente desnecessárias e de um arcadismo sem tamanho. Uma autoridade deve se policiar a todo instante em cada palavra proferida, até mesmo longe dos microfones e câmeras da imprensa.
Certos hábitos precisam ser enterrados, principalmente por hoje, no caso do racismo ou homofobia, por exemplo, se ter uma amplitude maior da sociedade e direitos de qualquer agente social. O mundo é democrático, mas alguns modos são plausíveis. Num contexto científico, ninguém é superior por ter nascido em um determinado lugar.
Do episódio de três segundos da semana passada, no entanto, a patrulha do politicamente – e, às vezes, hipocritamente – correto fez se reviver e generalizar um disparante contra o Nordeste e desnecessariamente – sem ninguém pedir – vitimizar os nordestinos.
A guerra entre Nordeste e Brasil existe apenas na mentalidade de quem acredita numa inferiorização da região perante o restante do país. Sem rodeios e sem alarmismos: contextualizar e dar emoções às palavras do presidente é onde, de fato, vive o preconceito. Disseminar ódio, nesta mesma conjuntura, é interpretar conceitos em benefício próprio para o ataque deliberado àquele que é tido como o inimigo, num movimento sem direito a defesas e explicações.
O Nordeste, como o Sudeste, Norte e qualquer região nacional é parte indispensável ao Brasil. Não existe um conceito de nação sem passar pela narrativa histórica costurada no Nordeste dos tempos coloniais e monárquico. Diferente do que governadores nordestinos bravejaram em carta no último domingo, o episódio em nenhuma circunstância feriu a integridade da unidade federativa. O perigo é somente achar que o preconceito pode ser alçado de forma irresponsável em nome da política.
