O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o Brasil deverá registrar 704 mil novos casos da doença a cada ano do triênio 2023-2025. Diante da gravidade dos dados, o Dia Mundial do Câncer, celebrado neste sábado (4), reafirma a importância da prevenção e do diagnóstico precoce na redução da mortalidade por tumores malignos.

A oncologista Isabella Tavares explicou ao Farol da Bahia que, embora existam muitos tipos de câncer, todos começam devido ao crescimento e multiplicação anormal das células. Segundo ela, essas unidades podem invadir tecidos próximos e também migrar para diferentes partes do corpo.

“O câncer é uma multiplicação desordenada de células anormais. Nós temos no nosso corpo várias células e, com isso, às vezes pode ocorrer uma multiplicação desordenada delas no processo natural. Quando isso acontece, temos o surgimento de tumores”, explicou a especialista.

“Isso pode ocorrer devido aos nossos hábitos ou do ponto de vista hereditário. O tabagismo e o etilismo, por exemplo, podem ocasionar uma divisão celular descontrolada. No caso de hereditariedade, o paciente nasce com um defeito no seu DNA e, com isso, tem um risco maior de desenvolver determinado tipo de neoplasia no futuro”, completou. 

O relatório Estimativa 2023 - Incidência de Câncer no Brasil, divulgado pelo Inca no final do ano passado, mostra que o tumor maligno mais incidente no país é o de pele não melanoma, com 31,3% do total de casos, seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%). 

Segundo a oncologista Isabella Tavares, há uma tendência de aumento no número de casos da doença no país. “A pandemia acabou atrasando muitos diagnósticos porque as pessoas deixaram de fazer seus exames de rotina. Esse é um dos principais fatores para o aumento de casos de câncer no país”, reforçou. 

Prevenção

Ainda em entrevista, a especialista afirmou que a prevenção do câncer pode ser potencializada com a mudança no estilo de vida. De acordo com Isabella, uma rotina de exercícios e a realização de exames de rotina podem ajudar a prevenir a doença. 

“A gente consegue reduzir bastante as chances de desenvolvimento de um câncer quando instituímos hábitos de vida saudáveis. A prática diária de atividade física e uma dieta mais saudável, evitando alimentos ultraprocessados, podem ajudar a evitar a doença”, explicou a oncologista.

“Para os pacientes com risco de câncer hereditário, nós temos algumas outras medidas como, por exemplo, medicamentos e cirurgias. Atualmente, podemos contar com a oncologia de precisão e a oncogenética. Esses dois ‘braços’ dizem exatamente a personalização do tratamento para determinado tipo de indivíduo”, continou.

Tratamento e cuidados paliativos

Além dos tratamentos convencionais para tratar o câncer, como quimioterapia e radioterapia, os cuidados paliativos podem ser um grande aliado no processo. Isabella afirmou que, ao contrário do que se acredita, esses cuidados são recomendados desde o início do tratamento porque podem melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente.

“Quando se fala que o 'paciente é paliativo’ denota-se que não existe mais nada do que pode ser feito, mas é errado. Os cuidados paliativos somam-se aos tratamentos intensivos, como radio ou quimioterapia, para que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida”, explicou a médica.

Os tratamentos não convencionais podem incluir medicamentos, terapia nutricional, fisioterapia e técnicas de relaxamento, acompanhamento psicológico e ainda aconselhamentos emocional e espiritual. Na prática, segundo a especialista, os cuidados paliativos aliviam sintomas como náusea, dor, fadiga, além de ajudar a controlar o estresse do câncer.