As recentes manifestações ocorridas no mês de maio com a bandeira da Educação, que se desdobraram entre partidarismo ideológico e em defesa do setor, no entanto, inevitavelmente trazem à tona uma discussão e um desafio ainda longe de ser superado: o desprestígio do professor e a relação desgastada perante boa parte do alunado insatisfeito com o sistema educacional. É uma discussão complexa, sem soluções a curto/médio prazo, mas é preciso, vez ou outra, salientar que não está tudo bem nas salas de aula, e não ficará bem tão cedo.

E antes de entrar no mérito do desprestígio, que seja dito: o sucateamento da educação, o desânimo do jovem diante da rotina de estudos e o dilema de professores e direção numa rede pública diante da falta de recursos, até mesmo para se ter giz, papel para provas e isso quando não falta merenda, dentre outros, nada tem a ver com direta ou esquerda, pró-governo ou oposição; é um enfrentamento que passa, principalmente, pela dificuldade da sociedade brasileira encarar transformações, revolucionar metodologias e ousar.

Entre cortes na Educação e aplicação de mecanismos legais para vigiar se professor ensina a partir um único viés ideológico, apesar de serem medidas políticas bastante discutíveis e críveis ao momento do país, ainda assim não resolverão o déficit de aprendizado ou resgatar o prestígio do professor.

Difícil de ensinar, quase impossível de se aprender. Hoje, as ferramentas são mal usadas e as salas de aulas nada mais são do que quatro paredes para manter os alunos num determinado perímetro frente à uma condição hierárquica respeitada praticamente a nível zero.

Com caos, tudo desanda. São questões não resolvidas que se arrastam por décadas, e a cruzada ideológica do Ministério da Educação (MEC) no governo atual parece enxergar tudo e todos como inimigos, numa luta ainda sem roteiro ou finalidades.