O diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, pediu, durante entrevista ao jornal britânico Financial Times (FT), aos governos que façam os ricos da América Latina pagarem "muito mais" em impostos, afirmando que a região mais desigual do mundo não se desenvolverá a menos que atenda às demandas por um sistema econômico mais justo. Na entrevista, Alejandro Werner disse ainda que a recente agitação social na América Latina destacou a necessidade de uma distribuição de renda muito mais igualitária. 

O FMI já havia defendido que pessoas de alta renda em todo o mundo, que prosperaram por causa da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, pagassem mais impostos temporariamente para ajudar os mais atingidos. Durante a pandemia, a América Latina sofreu mais do que qualquer outra região, pois o coronavírus exacerbou os problemas de longo prazo de baixo crescimento, alta desigualdade e pobreza. Ainda em entrevista, Alejandro Werner destacou impostos sobre a propriedade “subutilizados” como um bom ponto de partida para ajudar a região. 

“Você precisa ter um sistema de tributação muito mais progressivo, em que os segmentos mais ricos da população paguem muito mais (impostos). Então, é preciso ter um sistema econômico no qual a competição econômica seja muito mais forte do que é hoje. A América Latina não pode ser a região mais desigual do mundo e saltar para o próximo estágio de desenvolvimento econômico”, disse.

Os efeitos colaterais do estímulo dos Estados Unidos, o forte crescimento na China e os altos preços globais das commodities ajudaram a região a ter uma recuperação mais rápida do que o esperado após a queda de 7% do PIB no ano passado. Werner disse ao FT que a previsão atual do FMI de crescimento de 4,6% na América Latina este ano, provavelmente, será revisada para cima. Em parte, isso ocorre porque as economias foram capazes de manter a atividade em um nível mais alto do que o esperado, apesar do avanço da pandemia.