Para o crítico, curador e ensaísta francês Nicolas Bourriaud, o ponto de partida em comum entre objetos apontados como “obra de arte” reside na “facilidade de produzir o sentido da existência humana dentro do caos que é realidade”, escreveu ele no livro “Estética relacional” para traçar um panorama entre o homem e a produção artística global. 

A afirmação também serve para explicar – ou incitar discussões – sobre o funcionamento do universo das artes plásticas, povoado por tantos agentes e espaços, como o artista, o marchand, os colecionadores, curiosos, as galerias, bienais, exposições e pinacotecas.

Uma galeria ou escritório de arte, por exemplo, é propício para relações entre agentes desta esfera cultural, tal como tem o suporte técnico para estimular o mercado de obras de arte, ao mesmo tempo em que é passível de visitação para se estimular o apreço ao conteúdo nas paredes. Uma intrínseca rede de negócios.
 
O mercado de arte funciona como a Bolsa de Valores. Cada artista tem um valor, que depende de vários fatores, como a estética, técnica, alguma particularidade e também o que diz a crítica especializada. Mas análises como esta flutuam de tempos em tempos – o belo pode ser horrível num  curto espaço de tempo. 

Existe mercado até mesmo para molduras. Existem obras de Aldemir Martins, como “Gato azul” e “Peixe”, que são tão específicas e originais que são modelos de moldura, a Moldura Aldemir. Outro artista que empresta o nome para moldura é Tadashi Kaminagai, que cria os próprios suportes. 

Mas o que seria do mercado de arte sem o expectador ou o colecionador? Do outro lado da tela e aquém da produção, a pessoa que consome a arte (ao monetarizar ou simplesmente observar) é também amálgama deste fascinante entrelaçados de pinceladas, vislumbres, erros, acertos, criações, reproduções e opiniões.