Profissionais de enfermagem que morreram de Covid-19 eram mais jovens que médicos vítimas da doença, revela estudo

Mulheres pretas e pardas, com menos de 60 anos foram as maiores vítimas

[Profissionais de enfermagem que morreram de Covid-19 eram mais jovens que médicos vítimas da doença, revela estudo]

FOTO: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um estudo sociológico da Escola Nacional de Saúde Pública traçou o perfil de médicos e profissionais de enfermagem que morreram em decorrência da Covid-19 no Brasil. A pesquisa foi publicada na revista Ciência & Saúde Coletiva. 

Como resultado, o estudo revelou que cerca de 80% dos enfermeiros e dos técnicos ou auxiliares de enfermagem tinham até 60 anos, em sua maioria, mulheres, pretas e pardas. Entre os médicos, 75% das vítimas estavam acima desta faixa etária.

Sobre a correlação entre cor ou raça e óbitos dos profissionais da enfermagem, a pesquisa mostrou que 31% dos enfermeiros que morreram por Covid-19 eram brancos, e 51%, pretos e pardos. Já entre os auxiliares e técnicos, 29,6% eram brancos e 47,6% pretos e pardos.

No caso dos médicos, houve predominância de homens mortos por Covid-19. No total, foram 87,6%, contra 12,4% de mulheres.

Os cientistas apontaram que os tipos de vínculos trabalhistas mais comuns em cada profissão e a média de idade dos profissionais no momento da entrada no mercado de trabalho são os principais motivos para a diferença.

“A enfermagem tem uma inserção mais institucional, assalariada e com tempo de trabalho pré-determinado. Boa parte da enfermagem no Brasil tem assegurado o direito formal à aposentadoria. Na medicina é exatamente o contrário, pois infelizmente os médicos estão cada vez mais de forma autônoma no mercado profissional. A outra questão é que as categorias da enfermagem tem inserção no mercado de trabalho em fases da vida bastante distintas”, explicou a pesquisadora da Fiocruz, Maria Helena Machado, autora principal do artigo, em comunicado.

“Os técnicos podem iniciar a jornada por volta dos 18 anos, por exemplo. Os enfermeiros, assim como os médicos, precisam primeiro se formar na universidade, mas o curso de Medicina é mais longo, fazendo que com que esses profissionais entrem mais tarde no mercado, o que também contribui para o prolongamento das suas carreiras”, completa.

O estudo considerou dados de óbitos pela doença de março de 2020 a março de 2021. Ao todo, foram contabilizados 622 médicos, 200 enfermeiros e 470 auxiliares e técnicos de enfermagem. 


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