Programa disponibiliza vagas de acolhimento para usuários de drogas na capital baiana
Consumo abusivo de drogas aumentou na pandemia
A pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, deixará profundas sequelas em todos os setores da sociedade, mas algumas pessoas sofrerão ainda mais: aquelas que abusam das drogas. Embora seja um problema antigo no Brasil, o consumo abusivo de drogas vem aumentando entre os brasileiros desde o ano passado. Especialistas afirmam, por exemplo, que houve um aumento expressivo nos atendimentos de dependentes químicos durante o período de isolamento social.
Pensando em como promover redução de danos e melhores condições de vida para essa população, uma ação realizada na capital baiana oferta o Serviço de Acolhimento Residencial Transitório para 105 pessoas adultas, que fazem uso excessivo de substâncias psicoativas, encaminhadas pelos serviços socioassistenciais.
O programa de acolhimento ofertado pela Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), através da Diretoria de Políticas Sobre Drogas (DPSD), tem o objetivo de propiciar o acesso dos usuários de drogas aos equipamentos e serviços das redes públicas de Saúde e Assistência Social. A iniciativa visa, ainda, a reinserção social, ocupacional, familiar e comunitária do público alvo e, além disso, proporcionar o desenvolvimento da autonomia, a promoção do autocuidado e a saúde.
A ação disponibiliza vagas para homens no serviço de moradia provisória e acompanhamento psicossocial para pessoas adultas em situação de rua, risco social e que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas. As instituições conveniadas são a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais Leste (ADRA), Associação Sentimento Novo e Desafio Jovem. A diretora de Políticas sobre Drogas, Juliana Portela, afirma que o planejamento de outras ações efetivas para ajudar essa população já estão em pauta. “Além da manutenção das 105 vagas já ofertadas, temos a perspectiva de ampliar a oferta do serviço em mais 150 vagas com o lançamento de um novo chamamento público, a ocorrer futuramente”, disse.
O estudante Giovani Silva, 23 anos, disse ao Farol da Bahia que começou a ingerir bebida alcoólica na adolescência. Segundo ele, esse contato com a bebida começou durante festas com os amigos e, depois de um curto período de tempo, foi apresentado a maconha. Giovani Silva afirma, ainda, que antes o contato com a droga era esporádico, mas que na pandemia o consumo aumentou.
“Durante a pandemia, meu vício aumentou. Fiquei muito ansioso no isolamento social e só conseguia pegar no sono depois de fumar, por exemplo. Eu fumava maconha todos os dias da semana, sem exceção”, afirmou. “Agora, estou me cuidando. Tenho acompanhamento profissional e comecei a fazer terapia para me ajudar com a ansiedade. Essa ação de conscientizar a população e ajudar os usuários de drogas é muito importante. Na maioria das vezes, uma pessoa só percebe que está dependente das drogas quando realmente não consegue mais controlar o uso”, disse.
Dados
Uma pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), realizada no ano passado, mostra que 35% dos adultos, na faixa etária dos 30 aos 39 anos de idade, fizeram uso exagerado de álcool durante a pandemia, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendar que os países limitassem a venda de bebidas alcoólicas.
Além disso, dados do Ministério da Saúde mostram que, nas redes credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o socorro por uso de alucinógenos cresceu 54% de março a junho do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2019.