A preocupação com as finanças públicas impediu o Real de se beneficiar da tendência de enfraquecimento do dólar americano ao longo dos últimos três meses. Apesar do movimento ter dado uma pausa recentemente por causa das eleições presidenciais nos Estados Unidos, espera-se que ele possa ser retomado com o fim do pleito. 

Os analistas de câmbio do Top 5 do Focus, no entanto, acredita que o destino da moeda brasileira deve continuar atado às questões domésticas. Entre as 33 divisas mais negociadas do mundo, o real ficou entre as oito que perderam uma chance de surfar na onda de um dólar mais fraco entre julho e setembro. 

Com isso, o real se mantém como a pior divisa de 2020. No ano, o dólar sobe 40,11% em relação à moeda brasileira, alta muito mais intensa do que a registrada contra uma segunda colocação, uma lira turca (+29,80%). Para o economista da Tendências, Silvio Campos Neto, estamos próximos do “momento da verdade”.

“Ou a gente decide seguir o caminho da responsabilidade fiscal ou parte para alguma flexibilização. Se definirmos pelo primeiro caminho, dá para pensar em câmbio mais perto de R$ 5 ou até abaixo disso no ano que vem. Se a decisão for pelo segundo, é possível pensar em um cenário mais perto de R$ 6”, afirma. A Tendências projeta uma taxa de câmbio de R$ 5,30 no fim do ano no cenário-base, com a manutenção do teto de gastos. Já no cenário alternativo, a moeda americana poderia chegar a R$ 5,85.