Apenas 10% das notas de R$ 200 encomendadas pelo Banco Central estão em uso

Criada sob o argumento de que poderia faltar dinheiro em espécie no país em meio à pandemia da Covid-19, a cédula de R$ 200 ainda não foi vista por muitos brasileiros. É que pouco mais de 10% das notas encomendadas pelo Banco Central (BC) estão em circulação. O Banco, que investiu R$ 142 milhões no projeto, por sua vez, garante que a distribuição das novas cédulas está correndo como o esperado. Na época, o órgão explicou que a pandemia ampliou o entesouramento (hábito de guardar dinheiro em espécie). E, ao mesmo tempo, aumentou a demanda por papel moeda por conta dos pagamentos do auxílio emergencial. 

Como informado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o BC investiu R$ 142 milhões para produzir 450 milhões de cédulas de R$ 200, o que representa R$ 90 bilhões. E a expectativa era de que boa parte dessas cédulas entraria em circulação ainda em 2020, mesmo que de forma gradual, devido ao auxílio emergencial e ao entesouramento. Hoje, no entanto, só 11% desse montante estão acessíveis à população: de acordo com os dados mais recentes do meio circulante nacional, havia 50,3 milhões de cédulas de R$ 200 em circulação no último dia 24, o que representa R$ 10 bilhões.

O presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros, Roni Medeiros, contou que já foi questionado várias vezes por onde anda o “lobo-guará”. “Não houve nenhum problema de produção. A Casa da Moeda vem trabalhando sete dias por semana e 24 horas por dia. Não paramos por causa da alta demanda de produção. Tem, inclusive, uma linha de produção só para as cédulas de R$ 200. Tem muito mais pronto. Não sei o porquê desse percentual em circulação”, relatou.

Medeiros acredita, contudo, que a demanda por papel moeda pode ter diminuído quando o auxílio emergencial foi reduzido de R$ 600 para R$ 300 e a população começou a usar o benefício pelo aplicativo Caixa Tem. O ministro da Economia, Paulo Guedes, já disse até que, devido ao processo de digitalização da moeda, a cédula do lobo-guará teria "vida curta". A declaração ocorreu à época do lançamento do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, que movimentou mais de R$ 83 bilhões, em 92,5 milhões de transações, só no primeiro mês de operação.