Cirúrgica a definição do ministro Sergio Moro sobre as supostas conversas vazadas pelo site The Intercept entre ele, então juiz, e procuradores da Operação Lava Jato: um balão vazio cheio de nada, desferida na tarde de terça-feira (2) durante sessão na Câmara dos Deputados, ouvido por três comissões: Constituição e Justiça (CCJ); de Trabalho, Administração e Serviço Público; de Direitos Humanos e Minorias. Os vazamentos sobem, são expostos e causam alarde, no entanto, e, aparentemente, sem condição de sustentar voo – no caso da denúncia, os argumentos – e a queda livre é eminente.

Mas antes a conversa entre Moro e os deputados ficassem, mesmo, no campo das analogias, questionamentos ou instigas a respeito do caso que, a cada “vazamento” parece ensejar polêmicas mal costuradas, já sem o impacto das primeiras. Nesta altura, tudo soa como um roteiro perdido, sem saber o que fazer com tantos personagens e atos a eles atribuídos.

A confusão que se armou ontem, que quase chegou às vias de fato, foi um motivo mais do que aceitável para a esquiva de Moro. O político que se elege à Câmara dos Deputados e não sustenta seu trabalho com palavras e cerra os punhos para impor sua verdade, por certo, jamais entenderá o delicado momento ali em debate. Uma perda de tempo ao ministro, neste ponto, tentar diálogo com despreparados – tão despreparados, como bem pontuou o próprio Moro, como aqueles que perderam o decoro parlamentar e o acusou de “ladrão’ e ‘corrupto’ nesta terça na CCJ.

A postura nada cambaleante do ministro na CCJ dá, no mínimo, indícios de que, se verdadeiras, as conversas aconteceram dentro da ética jurídica. Enquanto isso, um tanto apartado das leis, aparentemente, está a forma como as conversas chegaram às mãos do jornalista Glenn Greenwald e sua equipe no Intercept - isto sim, ainda num total obscurantismo, sem qualquer explicação crível ou esclarecedora. E enquanto a fonte e a veracidade das conversas não são desvendadas, invalidar o processo da Lava Jato continua sendo o objetivo mais plausível dos vazamentos. Ou, um balão vazio cheio de nada.