O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que gradativamente – até 2026 – migrará do papel à versão digital, anunciada ontem pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, junto ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), por certo é uma escancarada porta de entrada para um processo mais ágil da digitalização da educação.

É, enfim, a possibilidade de um salto de qualidade em toda a cadeia do ensino nacional, no intuito de quebrar caras logísticas e gerar economia ao governo com cortes cirúrgicos neste sistema de custos com papel, diárias de servidores públicos nos dias de prova etc. Além disso, como ignorar a questão sustentável embutida nesta medida?

É evidente que a mudança de plataforma significa mudar o preparo do aluno na hora de estudar, e este será mais um desafio aos já sobrecarregados professores, mas sabe-se, por outro lado, que os jovens estão em sua grande maioria familiarizados com tecnologia.

Os números e as cifras jogam a favor desta medida apresentada pelo Mec. Segundo a pasta, mais de 10,2 milhões de provas serão impressas para o Enem em 2019 – já estão nas gráficas. Numa conta geral, o ministério contabiliza que arcará com mais de R$ 500 milhões para os mais de 5 milhões de participantes confirmados nesta edição.

Vai dar certo? A pergunta é mesmo inevitável e pertinente, e por isso mesmo começa com uma prova-piloto em 2020 em 15 capitais – Salvador, entre elas – para até 50 mil inscritos, que usarão computadores de universidades e escolas. É o primeiro passo estrutural que começa a ser esboçado, para aos poucos corrigir eventuais erros e aprimorar acertos.

No entanto, a pergunta não é a mais importante ainda neste momento incipiente. O fundamental, agora, é refletir que esta é a oportunidade do Brasil começar a corrigir déficits no emprego da tecnologia à educação. É a faísca, mas do que urgente ao país para alinhar o desenvolvimento tecnológico e ensino básico e fundamental, a partir de um norte em comum: a aplicação do Enem.