A democracia não está em risco no Brasil. Como ano passado bem pontuou o ainda juiz Sergio Moro, o que está acontecendo é apenas um embate robusto entre pessoas e ideias para se afirmar o estado de Direito. 

É inquestionável a consolidação do regime político no país, é um conceito inerente à governabilidade de terras tupiniquins, cuja concepção é, sim, moderna, reajustado às condições necessárias para que os processos de escolha representem ao máximo a vontade das pessoas.

A afirmação da democracia até soa piegas, enfadonha ou didática em demasia, nos primeiros dois dias de 2020, aliás, um ano de eleições (diretas), um recurso deveras democrático. No entanto, se torna – mais uma vez – necessária ante um incômodo resultado do levantamento publicado ontem pelo Datafolha, que ouviu 2.948 pessoas em dezembro do ano passado: para 38% dos brasileiros não consideram a democracia ideal ao país. 

É preciso repercutir, também, que houve aumento de nove pontos percentuais em relação ao grupo para quem diz ‘tanto faz’ se o governo é democrático ou ditatorial, passado dos 13%, em 2018, para 22%. O percentual dos que preferem uma ditadura permaneceu estável, em 12%.

Apesar de uma minoria, sempre espanta o desdém do brasileiro diante de um sistema político tão sólido e agregador como a democracia, ao longo do ano passado, tantas vezes defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Não se trata de questionar a legitimidade do mandatário e sua expressividade junto aos Três Poderes, os pilares da democracia. O aumento e os 38% da população brasileira que duvidam do regime democrático tem mais a ver com frustrações diante de mazelas que assolam o país, como desastres ambientais obscuros, a desgastante polarização política, os escancarados egos de autoridades e políticos, entre tantos males que martelam: afinal, o que está acontecendo com o Brasil?

A resposta, como segue o atual governo, é dada em doses (por isso que um mandato dura quatro anos) através da democracia.