Faltando apenas 8 meses para as eleições municipais deste ano, que estão marcadas para o dia 6 de outubro, o cenário político no interior da Bahia está agitado. Para compreender melhor as articulações políticas, o Farol da Bahia analisou as tratativas nos seis maiores municípios baianos. Em 2024, os eleitores irão às urnas escolher novos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores para um mandato de quatro anos. 

Veja também: Cenário da corrida pela prefeitura de Salvador

Confira abaixo a análise: 

Lauro de Freitas

O quinto maior colégio eleitoral da Bahia, Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), se prepara para uma eleição movimentada neste ano. Prestes a encerrar o segundo mandato à frente da prefeitura do município, Moema Gramacho (PT) não está com pressa para escolher um sucessor e atribui aos adversários a preocupação com a definição da chapa governista. 

Diversos nomes já se apresentaram para defender o legado da petista no pleito. A presidente da Câmara Municipal, Naide Brito (PT), é considerada a mais provável, sendo vista como uma pessoa de confiança da atual prefeita. Outros nomes ventilados incluem o vice-prefeito Vidigal Cafezeiro (Republicanos) e o secretário de Administração, Ailton Florêncio (PT).

Partido aliado de Moema, o PP tem dois nomes na disputa: o secretário de Saúde, Augusto César, conhecido como "César Grandão", e o secretário de Desenvolvimento Social, Tito Coelho. 

Do outro, a oposição se dividiu em diversos nomes e pode ser prejudicada pela falta de unidade. Destacam-se, contudo, nomes como a vereadora Débora Régis (PDT), o deputado estadual Leandro de Jesus (PL) e o empresário Teobaldo Costa (União Brasil).

Feira de Santana

Em Feira de Santana, o segundo maior colégio eleitoral da Bahia, o cenário para as eleições de 2024 está se definindo. O diretório local do PT optou por ter uma candidatura própria, escolhendo por unanimidade o deputado federal Zé Neto em vez da secretária de Saúde do Estado (Sesab), Roberta Santana.

Com a pré-candidatura do PT confirmada, surge um novo embate entre o presidente de honra do MDB na Bahia, Lúcio Vieira Lima, e o atual prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins (MDB). Em entrevista ao Farol da Bahia, Lúcio garantiu que o MDB vai apoiar a candidatura de Zé Neto à Prefeitura.

Enquanto isso, Colbert Martins busca alternativas para emplacar o nome do ex-prefeito Zé Ronaldo (União Brasil), que cogita retornar ao cargo, mas ainda não confirmou a candidatura.

Além de Zé Neto (PT), outra pré-candidatura já definida à prefeitura de Feira é a do deputado estadual Pablo Roberto (PSDB), que inclusive já escolheu a vice dele: a líder evangélica e advogada Mary Angela Brito Alves, de 58 anos.

O PL também lançou uma pré-candidatura no município: o deputado federal Capitão Alden (PL-BA). Caso conte com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha, o pleito tende a ficar mais agitado.  

Outros nomes postos são: José de Arimatéia (Republicanos), Jhonatas Monteiro (Psol) e   ngelo Almeida (PSB).

Camaçari 

A cidade de Camaçari, sede do maior polo industrial do Nordeste e detentora do quarto maior colégio eleitoral do estado, assume uma posição estratégica na Bahia. Em relação às eleições de 2024, a oposição se mostra fortalecida e coesa na disputa. A base do governador Jerônimo Rodrigues (PT) deve oficializar em breve a escolha do secretário estadual de Relações Institucionais, Luiz Caetano (PT), como pré-candidato ao pleito.

Caetano é um nome reconhecido no município, buscando retornar ao Executivo de Camaçari pela quarta vez. Ele já foi prefeito entre 1986 e 1988, sendo reeleito posteriormente de 2005 a 2012.

Já a situação, liderada pelo atual prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil), lançou a pré-candidatura do presidente da Câmara Municipal, Flávio Matos (União Brasil). O vereador conta com o apoio de figuras políticas influentes, como o ex-prefeito de Salvador e secretário geral do União Brasil, ACM Neto, o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e o presidente do PL na Bahia, João Roma.

Embora os nomes dos ex-prefeitos José Tude (União Brasil), atual vice-prefeito de Camaçari, e Helder Almeida (União Brasil), superintendente de Trânsito e Transporte Público, tenham sido considerados, a situação optou por inovar. Nesse cenário, a densidade eleitoral de Caetano fortalece o grupo político do PT.

O petista também contará com o apoio do time de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com a possibilidade do próprio entrar em campo na campanha. Flávio Matos, que está no segundo mandato como vereador do município, pode precisar agir rapidamente para se tornar mais conhecido entre os camaçarienses, não dependendo exclusivamente do respaldo das figuras políticas que endossam a candidatura dele.

Vitória da Conquista

A cidade de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, figura como o terceiro maior colégio eleitoral do estado. Tudo indica que o município está encaminhando para um embate entre PT e União Brasil nas eleições municipais deste ano. A atual prefeita da cidade é Sheila Lemos (União Brasil), que assumiu o cargo após a morte de Herzem Gusmão (MDB) devido ao coronavírus. Ela já confirmou a candidatura à reeleição.

Na situação, outra pré-candidatura em destaque é a do PL, representada pelo advogado e radialista Washington Rodrigues. Apesar de contar com o apoio do partido, o nome de Sheila Lemos carrega mais peso no município.

Do outro lado, a oposição encontra dificuldades para alcançar a unidade e consolidar uma candidatura única. Antes aliado do União Brasil, o MDB tem uma pré-candidatura própria robusta no município: a vereadora Lúcia Rocha. O PT, por sua vez, também emplacou uma pré-candidatura própria: o deputado federal Waldenor Pereira (PT).

Com as eleições estaduais de 2026 no horizonte, tanto o MDB quanto o PT estão buscando garantir candidaturas no interior da Bahia, uma vez que essa região desempenha um papel crucial na escolha do próximo governador. O PT, visando à reeleição de Jerônimo Rodrigues, já está agindo estrategicamente no pleito deste ano.

Uma das ações é a negociação com o MDB para que ocupe a posição de vice na chapa liderada por Waldenor em Conquista. Entretanto, o MDB mostra resistência e não demonstra intenção de ceder e aceitar a vaga na chapa majoritária. O ex-deputado e líder do partido, Geddel Vieira Lima, já sugeriu o contrário: que o PT indique o candidato a vice na chapa liderada por Lúcia.

Nesse embate, as discussões continuam em busca de uma unidade entre os partidos envolvidos.

Juazeiro

Na cidade de Juazeiro, no norte do estado, o cenário eleitoral está se afunilando para uma disputa entre a atual prefeita Suzana Ramos (PSDB), que busca a reeleição, e o candidato da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Apesar de ter buscado uma aproximação com o petista, sem sucesso, Suzana conta com o respaldo do grupo político do ex-prefeito de Salvador e secretário geral do União Brasil, ACM Neto.

Além disso, a gestora pode contar com o apoio do PL, o que fortalece a posição dela no pleito. Enquanto isso, a base governista busca a unidade e ainda não definiu o candidato oposicionista.

Somente a federação formada por PT, PCdoB e PV tem três nomes colocados no páreo: o ex-prefeito Isaac Carvalho (PT), o deputado estadual Zó  (PCdoB) e o deputado estadual Roberto Carlos (PV). Além disso, o PSB tem o nome do ex-prefeito Joseph Bandeira e o MDB lançou o empresário Andrei da Caixa.

Itabuna

Itabuna, localizada no sul da Bahia, já tem alguns nomes postos para as eleições deste ano. Na base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), o atual prefeito Augusto Castro (PSD) deve buscar a reeleição. Por outro lado, o ex-prefeito da cidade e ex-deputado federal Geraldo Simões também se coloca como pré-candidato, gerando divisões não apenas na base governista, mas também dentro do próprio PT.

Entretanto, Castro já assegurou o apoio do MDB. Enquanto isso, no campo da oposição, o deputado estadual Pancadinha (Solidariedade) busca concorrer nas eleições deste ano. Outro nome na oposição é o engenheiro Chico França, pré-candidato do PL. Além disso, o PSOL também lançou uma pré-candidata oposicionista: a professora Delliana Ricelli.