Em entrevista ao Farol, nutricionista tira dúvidas de como será o retorno dos atletas aos esportes após quarentena

Alimentação, rotina de exercícios e riscos de lesões estão entre questionamentos

[Em entrevista ao Farol, nutricionista tira dúvidas de como será o retorno dos atletas aos esportes após quarentena]

FOTO: Freeletics/Divulgação

Ligar a TV, ir a um estádio ou ginásio e ver aquele gol de placa, aquela cesta no último minuto ou um saque certeiro ultrapassar a rede e cair no campo do adversário. Estas são só algumas sensações únicas que só o esporte proporciona, mas diante da pandemia do novo coronavírus, as emoções dos públicos de cada modalidade estão abaladas, já que momentaneamente, ainda não possuem previsão de quando poderão ver os ídolos disputando uma vitória, classificação ou troféu novamente.

Querendo ou não, a tendência é que a paralisação influencie diretamente na preparação dos atletas ao longo da temporada. Alguns, inclusive, visam manter a forma física com exercícios diários em casa, mediante uma carga de atividades impostas pelo clube ou com apoio de um preparador físico particular.

Contudo, mesmo que haja um acompanhamento profissional, ainda há dúvidas relacionadas a como prosseguirá a rotina de exercícios sem o contato prático com o esporte, qual a alimentação mais adequada nesse período, os possíveis riscos de lesões no retorno as atividades, entre várias questões que envolvem a preparação dos atletas. 

Para esclarecer algumas dessas questões, o Farol da Bahia entrevistou a nutricionista com especialização em esporte funcional, Lara Gabriela. Confira como foi o bate-papo:

Farol - Os jogadores de futebol já vem de uma pré-temporada recente antes dos estaduais começarem, o que uma nova pré-temporada forçada pode influenciar na forma física e no desempenho deles?

Lara - A pausa obrigatória vai desacelerar a ritmicidade dos treinos, pode impactar negativamente no desenvolvimento das capacidades físicas (resistência, força, potência e flexibilidade) e técnica, além da composição corporal dos jogadores. Na Bahia, grande parte dos clubes estão orientando os jogadores à distância, mas isso depende do esforço individual que é muito difícil de controlar sem o contato pessoal.

Farol - É natural a queda de rendimento dos atletas na volta do esporte, tanto pela falta de prática como pela perca da massa muscular?

Lara - Sim. Não só pela redução da massa muscular, mas também pelo possível ganho de gordura, caso mantenham-se inativos e com o consumo excessivo de calorias. A composição corporal pode impactar da execução técnica.

Farol - A tendência é o risco de lesões musculares crescer diante do alto período de inatividade?

Lara - Apesar de possuírem memória muscular e o retorno às atividades serem mais rápidos quando comparado a pessoas que nunca se exercitaram na vida, o risco de lesão existe por conta do requerimento do treino.  Em especial para os que descuidam demais. No entanto, caso ocorram lesões, o suporte tecnológico, físico e nutricional podem acelerar a recuperação.

Farol - Atletas profissionais já mantém uma rotina intensa, com treinos, partidas e competições em curto período de tempo. Diante da pausa, quais mudanças e cuidados devem ser adotadas para que ele não perca o ritmo (alimentação, rotina de exercícios, suplementação, etc)?

Lara - O profissionalismo traz uma responsabilidade maior de tentar não deixar “a peteca cair”. Algumas estratégias adaptadas de treinos em casa são necessárias, assim como estratégias nutricionais também. As calorias gastas vão reduzir e o consumo calórico precisa ser recalculado para esse período. O consumo de proteínas adequado pode amenizar a perda de massa muscular. Algumas estratégias suplementares podem ser mantidas, caso já tenham sido planejadas e requeiram consumo crônico (ex: creatina, ômega 3), outras devem ser pausadas (ex: repositores de carboidratos e eletrólitos) e algumas até acrescentadas para controle de ansiedade e aumento da saciedade (ex: Colina, triptofano, micronutrientes e fitoterápicos).

Farol - Atletas com idades mais avançadas precisam de um tipo de preparação física e cautela diferente dos demais, ou isso varia da forma de cada um?

Lara - A idade metabólica é mais importante do que a idade biológica, mas nem todos os jogadores conseguem construir o físico ao longo da vida que os permitam envelhecer menos metabolicamente. A desvantagem dos mais velhos é por requererem mais rapidamente estratégias nutricionais e de treinamento físico que colaborem para o fortalecimento de estruturas que ao longo da vida são desgastadas (especialmente articulações e a fáscia muscular), além disso, por terem recuperação mais lenta é necessário evitar que lesões ocorram e acabem comprometendo muito tempo distante do campo. No entanto, alguns jogadores mais velhos podem possuir condicionamento melhor do que os mais novos. A vantagem técnica dos mais velhos, faz toda a diferença para polpação de esforços. Se a técnica for utilizada inteligentemente, ela poderá reduzir a velocidade de desgaste das estruturas mencionadas.


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