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Flagrância que persiste

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Flagrância que persiste

Confira nossa crônica deste domingo (29)

Por Erick Tedesco
Flagrância que persiste
Foto: Reprodução

A essência da harmonia e a flagrância da vida são elementos da fórmula perfeita para certas pessoas que conheci algum dia. Como uma compulsiva por jazz, perfumes e contextos. Cada ação, para ela,  dependia da sincronia desta trinca. 

Uma vez satisfeita com o consenso dos pensamentos, ela se concentra e rende-se à subjetividade das coisas. Ao redor, a consciência já não mais distingue o certo do errado, o possível do impossível. É quando o estado de espírito não necessariamente é físico para existir.

Como num verão no passado, com a praça Castro Alves, na Cidade Baixa, tomada de pessoas. O programa já estava há tempo agendado e, desde então, estava decidida que se deslocaria até para ouvir um pouco de música, circular a esmo e contemplar a movimentação, os sons e os cheiros.

Para ela, o jazz transcende a música. É a manifestação de arte que proporciona deleite por meio da sensibilidade auditiva e olfativa. Recebe a sonoridade em forma de perfume, que impregna na pele, se mistura com a energia do corpo e retorna ao ambiente externo em forma de um aroma intensamente experimentado, pelo tato, no ar.

Indiferente a agitação alheia, ela repousa os sentimentos na ânsia de alimentá-los. Com música, com cheiros, com urgência. Aos primeiros toques do piano – e o sax que gradativamente encorpava a música -, ela respira o ar leve, doce e facilmente acolhedor. Mas, durante a intensidade dos instrumentos e no momento mais potente em que a vocalista posta a voz, o ar já carregado de mistério e sensualidade, que pouco a pouco a envolve como um abraço de conforto.

O relógio aponta o fim da tarde. O sol se despede com raios alaranjados, que logo se mesclam com o azul da noite. Para ela, é o momento perfeito e o combustível que a legitima. Revigora a trivialidade dos dias e condensa a existência. No caminho para casa, sente o perfume daquela experiência como a flagrância pertinente, aquela que, uma vez no íntimo, nunca mais esquecida. Um vício.

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