Games: indústria demite mais de 6,5 mil funcionário em 2024

Setor pelo mundo se acomoda pós-pandemia, mas o Brasil vive o contrário

[Games: indústria demite mais de 6,5 mil funcionário em 2024]

FOTO: Rovena Rosa/Agência Brasil

A indústria de videogames começou o ano com mais de 6.300 demissões em empresas de tecnologia pelo mundo. A líder em desligamentos foi a Microsoft, com mais de 1.900 demissões nas mais diversas divisões da empresa, como Xbox, Activision Blizzard e Zeni Max. O número equivale a 9% da força de trabalho da Microsoft em games.  

Sega, Visual Concepts e Hidden Path foram as últimas a também anuncias cortes. A Riot, criadora dos jogos League of Legend e Valorant, demitiu mais de 500 funcionários o início do ano, o que corresponde a 11% do total da empresa. A pesquisa foi realizada pelo site Kotaku.

As demissões seguem tendência do ano passado, quando a indústria cortou mais de 9 mil trabalhadores. Esse movimento deve seguir até pelo menos 2025. 

“É mais um movimento de acomodação natural do que uma crise no setor”, diz Márcio Filho, presidente da Associação de Desenvolvedores de Jogos Digitais do Estado do Rio de Janeiro (Ring). "O tempo gasto com game recuou com o retorno à normalidade pós-pandemia, é normal”, prossegue. 

Além do efeito da normalidade, já a consolidação do capital. A área de tecnologia cresceu nos últimos anos, com operações de fusões e aquisições. A Microsoft, por exemplo, adquiriu a Activision Blizzard no início de 2022 por 68 bilhões de dólares. 

“É natural que uma empresa do tamanho da Microsoft tenha vários cargos em sobreposição. Não precisa de dois diretores de RH, basta um. Havia 5 tecnologias diferentes para gerar folha de pagamento, agora só precisa de uma”, acrescenta Filho. 

No Brasil, o impacto ainda é pequeno. O pico de consumo de games foi na pandemia, mas o patamar ainda segue alto. O mercado segue sendo barato para as desenvolvedoras estrangeiras. A expectativa é que o setor cresça ao redor de 25% neste ano, tanto em faturamento quanto em contratações. 

“Nosso mercado vem em uma toada muito boa, nosso momento é de desenvolvimento das empresas, mas esperamos incentivo e investimento em projetos”, diz Carlos Silva, sócio da Go Gamers, consultoria especializada no mercado de games. “Temos espaço para nos desenvolver, mas falta investimento e ações, leis de incentivo”, completa.  

Um desses incentivos vem da Lei Paulo Gustavo, criada após a pandemia como forma de incentivo a projetos audiovisuais, de forma exclusiva ou em complemento a outras formas de financiamento. Desde que ela foi criado, cerca de 50 milhões de reais já foram destinados ao setor de games no Brasil. 


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