Luz demais também cega

[Luz demais também cega]

FOTO: Marcelo Camargo

Suspender nacionalmente o andamento de todos os processos instaurados sem supervisão da Justiça, que se baseiem em dados recebidos de órgãos de fiscalização e controle como Fisco, Coaf e Banco Central, é a sorrateira medida orquestrada pelo ministro Dias Toffoli, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).

Joga luz em demasia a um único caso, que a grande mídia é sedenta por qualquer notícia, e trata os demais como pontos cegos num apanhado de casos. A decisão já colocou procuradores em alerta, que ontem mesmo manifestaram suspeitas e equívocos.

É por certo, uma decisão que suspende praticamente todas as investigações de lavagem de dinheiro no Brasil, não à toa classificada pelo coordenador da Lava Jato no Rio, Eduardo El Hage, como “um retrocesso sem tamanho”.

O suposto trunfo de Toffoli, de fato, tem mais profundidade do que a já sórdida questão de expor um único caso, o do senador Flávio Bolsonaro. A jogada, que não é de mestre, e está mais para trapaça, retoma a discussão da capacidade do Conselho de Administração de Atividades Financeiras (Coaf) em cumprir investigações. Sim, o Coaf, que dentre tantas dinâmicas, andou investigando ministros.
E por que não refletir se esta decisão não leva em conta, ainda, a ausência do ministro Sérgio Moro, de férias fora do país, que certamente opinaria sobre o gesto de Toffoli com duras críticas?

Lavam-se as mãos, aponta o holofote apenas em direção a quem considera merecedor desta luz que cega e, sem qualquer preocupação com o delicado momento de um país que aos poucos se recupera de uma ressaca de anos, toma uma decisão que deve congestionar – sem precedentes – o Judiciário. Ao que parece, o STF de Toffoli continua com os velhos apertos de mãos e conversas fiadas.


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